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Artista protesta com 'tapete de dinheiro' em altar do papa em Lisboa

Português Bordalo II criticou investimento público na Jornada Mundial da Juventude

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Lisboa

A menos de uma semana do começo da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) em Lisboa, um dos principais palcos do evento foi alvo de uma ação de protesto. O artista plástico português Bordalo II instalou uma espécie de "tapete de dinheiro" no local, com reproduções de notas de 500 euros em grandes dimensões.

Em publicações divulgadas nas redes sociais, Bordalo II chamou a obra de "walk of shame" (caminhada da vergonha, em tradução livre) e criticou o uso de dinheiro público para custear o encontro católico.

Protesto contra Jornada Mundial da Juventude instala "tapete de dinheiro" em palco que receberá o papa Francisco. Autor da ação é o artista plástico português Bordalo II
Protesto contra Jornada Mundial da Juventude instala "tapete de dinheiro" em palco que receberá o papa Francisco. Autor da ação é o artista plástico português Bordalo II - Reprodução/Instagram @b0rdalo_ii

"Num estado laico, num momento em que muitas pessoas lutam para manter as suas casas, o seu trabalho e a sua dignidade, decide investir-se milhões do dinheiro público para patrocinar a tour da multinacional italiana. Habemus Pasta", criticou o português na publicação.

O artista documentou a instalação em vídeo. Para conseguir ter acesso ao altar-palco, Bordalo II se disfarçou de trabalhador da JMJ.

A ação ocorreu no Parque Tejo, na margem do rio homônimo, um dos destaques da Jornada Mundial da Juventude.

Os custos elevados da construção do palco foram motivo de polêmica no começo ano. Em fevereiro, o orçamento para o projeto acabou reduzido de 4,2 milhões de euros para 2,9 milhões de euros, assegurados pela Câmara Municipal de Lisboa (equivalente à Prefeitura).

A jornada acontece na capital portuguesa de 1 a 6 de agosto e contará com a presença do papa Francisco. A estimativa de público é de 1 milhão de pessoas –o dobro da população de Lisboa.

Lisboeta, Artur Bordalo usa o nome artístico Bordalo II em homenagem ao avô, Real Bordalo (1925-2017), também artista plástico. Em outubro de 2022, ele já havia se manifestado contra a Igreja Católica.

O português realizou uma série de intervenções artísticas para chamar a atenção para as denúncias de abuso sexual na instituição. Uma comissão independente concluiu que, em Portugal, ao menos 4.815 crianças e adolescentes foram abusados desde 1950.

As obras de protesto criadas pelo artista, que incluíram uma cruz recoberta por bichos de pelúcia e uma placa com um religioso comandando crianças como marionetes, foram instaladas em igrejas do país, mas acabaram retiradas logo depois.

Instalação do artista plástico Bordalo II em igreja de Portugal chama a atenção para as investigações de abuso sexual infantil na Igreja Católica
Instalação do artista plástico Bordalo II em igreja de Portugal chama a atenção para as investigações de abuso sexual infantil na Igreja Católica - Reprodução/Instagram

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