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Saúde Mental - Sílvia Haidar
Sílvia Haidar
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Escola cria projeto para saúde mental e concorre a programa da Unesco

Iniciativa do CEM Bom Jesus, no TO, começou durante a fase mais restritiva da pandemia

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São Paulo

Em 2020, quando a pandemia da Covid-19 fez com que os alunos deixassem as salas de aula, o Centro de Ensino Médio (CEM) Bom Jesus, no município de Gurupi, no Tocantins, criou uma maneira de continuar acompanhando e dando apoio aos estudantes.

O projeto Gestão de Emoções surgiu como uma iniciativa da escola para auxiliar a manutenção da saúde mental. Por meio de encontros semanais online, o programa apresentava estratégias de como gerenciar os pensamentos de forma positiva, proteger as emoções e melhorar o rendimento intelectual e as relações interpessoais.

Cada reunião durava cerca de 50 minutos e contava com a participação da psicóloga Elisandra Santiago, da orientadora educacional do CEM Bom Jesus, Maria Joana Portilho, e da diretora Elizabeth Gama, que possui formação em pedagogia e pós-graduação em Educação de Jovens e Adultos (EJA), orientação educacional e neuropsicopedagogia clínica. Com a volta das aulas presenciais, as sessões passaram a ser realizadas em encontros mensais.

Como resultado desse acolhimento, o projeto foi indicado para concorrer ao programa Rede de Escolas Associadas da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), que tem como objetivo "construir as defesas da paz nas mentes" de seus estudantes, de acordo com o site da agência. O programa promove os valores e os princípios da Constituição da Unesco e da Carta das Nações Unidas, que incluem os direitos fundamentais e a dignidade humana, igualdade de gênero, progresso social, liberdade, justiça e democracia, respeito pela diversidade e solidariedade internacional.

"O Gestão de Emoções contribuiu para refletirmos sobre o momento pandêmico que todos nós vivemos. Nossos alunos puderam pensar sobre suas atitudes enquanto estudantes, valorizando os momentos em sala de aula e o convívio com os colegas, além de lidarem melhor com o distanciamento social", afirma Elizabeth Gama.

A diretora Elizabeth Gama com aluna do CEM Bom Jesus, no município de Gurupi, no Tocantins
A diretora Elizabeth Gama com a aluna Camylle Castro Alves do CEM Bom Jesus, no município de Gurupi, no Tocantins - CEM Bom Jesus/Divulgação

"O projeto também nos auxiliou a obter um resultado positivo no desempenho das atividades propostas, pois os jovens conseguiram ter mais ânimo para a realização. Em relação à questão profissional como docente, foi muito positivo para repensarmos sobre o nosso papel enquanto educadores, gerenciando os desafios da pandemia e ampliando nossa visão para a comunidade escolar", conta a diretora.

Para Beatriz Araújo Cirqueira, 18, ex-aluna do CEM Bom Jesus, os encontros ajudaram a lidar com sentimentos que ela enfrentava antes mesmo da pandemia.

"Entrei na escola sendo uma pessoa muito depressiva, explosiva e sem expectativa de vida. Às vezes, eu chegava com uma angústia enorme e sem ânimo, mas quando eu era recebida com um sorriso do pessoal do projeto, ou até mesmo dos outros alunos, aquilo mudava meu dia. Logo nos primeiros dias falaram sobre autoestima e resiliência e senti que era tudo o que eu estava passando. Com o tempo, enxerguei formas de melhorar aqueles sentimentos ruins que tinham dentro de mim. Encontrei o meu motivo de viver e de como saber viver", diz Beatriz.

Já Ana Flávia Alves Maia, 18, aluna do terceiro ano do ensino médio, relata que, ao ingressar na escola, sentiu-se sozinha e desencorajada a estudar, mas que graças à iniciativa obteve o apoio que precisava.

"Toda semana era um tema diferente e cada um deles vinha para mim de uma forma tão especial que toda a insegurança, a solidão e o medo que eu tinha foram sumindo. Para mim, foi o que mais me ajudou na parte do EAD [ensino a distância] e a manter meus estudos. Além disso, falamos também sobre bullying, um tema que me abalou muito na infância, mas que com o Gestão de Emoções pude ressignificar e mudar minha perspectiva, aceitando mais sobre a minha aparência", afirma Ana.

Para o estudante Paulo Henrique Rodrigues Milhomens, 17, que também cursa o terceiro ano do ensino médio, a ação promovida pela escola foi sua principal motivação para voltar a ter entusiasmo para estudar e se reconectar com a família.

"Dois temas abordados pela diretora me chamaram muito a atenção, que foi a motivação e a felicidade. Na pandemia, sem poder ir à escola e, consequentemente, longe dos meus amigos e professores, eu me senti muito sozinho e desmotivado com os estudos. Me sentia triste a maior parte do tempo, porque não via razões para estar feliz. Mas com o projeto realmente vi que não era aquilo e sim que eu estava distante de todos, inclusive dos meus pais. Foi quando consegui me aproximar deles novamente e a felicidade que eu não tinha voltou a bilhar no meu rosto", afirma Paulo Henrique.

O CEM Bom Jesus é uma escola de ensino médio integral, uma proposta pedagógica multidimensional, pública e gratuita. A partir de um modelo de ensino que se conecta à realidade dos jovens e ao desenvolvimento de suas competências cognitivas e socioemocionais, propõe a formação integral dos estudantes. Trabalha pilares como projeto de vida, aprendizado na prática, tutoria, protagonismo juvenil, acolhimento, orientação de estudos e eletivas, que promovem a formação completa do estudante, junto aos componentes curriculares já previstos na BNCC (Base Nacional Comum Curricular). Está presente em cerca de 4.301 escolas em todo o país, envolvendo quase 1 milhão de estudantes.

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