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Trem da Morte: conheça ruínas de estação que originou cidade paulista

Rubiácea (SP) integrava a rota da Noroeste do Brasil, que ligava Bauru a Corumbá (MS), na fronteira com a Bolívia

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Poucas estações ferroviárias na rota da extinta Estrada de Ferro Noroeste do Brasil lembram tanto o Trem da Morte como a existente em Rubiácea (a 557 km de São Paulo).

Afinal, inaugurada há quase 92 anos, ela, que foi essencial para o surgimento da cidade de 3.195 habitantes, está em ruínas.

Destelhada em boa parte, não tem mais portas ou janelas, tampouco cobertura na plataforma de embarque.

Estação em Rubiácea, que transportou passageiros que viajavam no Trem da Morte
Estação em Rubiácea, que transportou passageiros que viajavam no Trem da Morte - Eduardo Anizelli/Folhapress

Dominada pelo mato, a estação tem sua estrutura totalmente danificada, com paredes rachadas e restos de comida jogados pelos cantos.

Aberta em julho de 1930 em terras do coronel Francisco Prudente Corrêa, a estação foi responsável pelo povoamento do entorno e, consequentemente, de Rubiácea —que leva esse nome devido à forte presença da cafeicultura na região.

O então povoado tornou-se distrito em 1944 e, quatro anos depois, município, tendo seu primeiro prefeito em 1949.

Rubiácea era a 39ª estação do Trem da Morte a partir de Bauru, de onde a composição iniciava viagem de 1.272 km até Corumbá (MS), na fronteira com a Bolívia, de onde se conectava à rede de trilhos que leva a Santa Cruz de la Sierra, maior cidade boliviana, com mais de 1,5 milhão de habitantes.

Primeiro trecho da já extinta RFFSA (Rede Ferroviária Federal S.A.) privatizado pelo governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), em 1996, o Trem da Morte matou de imediato o transporte de passageiros.

O estado da estação de Rubiácea já era ruim na virada dos anos 2000, segundo relatos obtidos pelo pesquisador Ralph Giesbrecht, anos depois de o transporte de passageiros ter sido suprimido na linha.

O governo federal não incluiu a exigência de manter trens de passageiros no trecho, e a Novoeste, que levou a concessão, descartou recuperar o meio de transporte e afirmou que ele não era lucrativo. Só trens de carga operam em todo o trecho desde então.

Percorremos, por rodovia, a rota entre Bauru e Corumbá e em 24 estações visitadas encontramos destruição e histórias de desolação de ex-maquinistas e antigos usuários das ferrovias.

Das 122 estações erguidas entre as cidades, ao menos 80 foram demolidas ou estão em processo avançado de deterioração, abandonadas ou fechadas, sem uso algum. A maior parte delas está sob responsabilidade do governo federal.

O relato do estado da estação ferroviária de Rubiácea faz parte de uma série sobre a extinta Noroeste do Brasil.

Se quiser conferir o estado geral das estações que pertenceram à ferrovia, contamos essa história aqui.

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