Vez ou outra, artistas ganham destaque em sites de cobertura da TV e famosos quando "se assumem" nas redes sociais ou em entrevistas como ecossexuais, demissexuais, sapiossexuais e por aí vai.
É preciso pesar bem as palavras. Os termos usados por eles são encaixados nas publicações como orientação sexual. E são mesmo, mas não aquelas estigmatizadas, como as das pessoas representadas na sigla LGBT+.
Sabe-se lá com que intenção tudo entra no bolo das identidades dissidentes da heteronormatividade. Os mais desavisados podem passar a crer que uma influenciadora milionária e uma mulher trans trabalhadora do sexo abusada na infância e expulsa de casa na adolescência (perfil majoritário das mulheres transgênero ouvidas num levantamento do Centro de Estudos de Cultura Contemporânea entre 2019 e 2020 na cidade de São Paulo) vivem a mesma busca por direitos.
O ator Sérgio Marone, ecossexual assumido, certamente nunca perdeu um trabalho por ter "uma conexão íntima e afetiva com elementos da natureza" e a apresentadora Gio Ewbank, declaradamente demissexual, talvez nunca tinha sido expulsa de casa por "se relacionar sexualmente somente com quem tem conexões emocionais".
A sexualidade é fluida, diversa. É positivo quando a gente se depara com novas possibilidades, se reconhece no outro e se entende melhor. Mas é muito importante pontuar que quase todos esses artistas retratados nos sites de fofoca, ainda que contribuam para o debate, não deixam de ser heterossexuais por serem eco, demi ou sapiossexuais. Não se trata de uma saída do armário, portanto, ainda que as notícias façam parecer que sim.
A discussão sobre diversidade não está dissociada do enfrentamento à discriminação. A ampliação das conversas sobre sexualidade faz com que muita gente se entenda num recorte minoritário na sociedade, mas nem todo mundo é parte de uma minoria. E que bom!
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