Voltaire de Souza

Crônicas da vida louca

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Ivone e os imbrocháveis

Também na sexualidade, princípios neoliberais podem ser adotados com êxito

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Sexo. Desejo. Fantasia.

O mercado dos brinquedos eróticos tem tudo para manter sua ascensão.

O movimento começou na pandemia.

Mas, no atual clima político, também é importante deixar um espaço para relaxar.

Ivone se queixava.

—Fico cada vez mais sozinha.

Ela tinha tentado vários aplicativos de encontros.

—Mas perco muita chance quando digo que sou bolsonarista.

O Joca, por exemplo.

—Um gato. Mas é biólogo e só quer saber de quem vota no PT.

Ivone mostra a mensagem dele no celular.

—Desculpe. Mas mulher votando no Bolsonaro é muito brochante.

Era triste o sorriso da jovem consultora imobiliária.

—E por isso mesmo eu voto no Imbrochável.

O fato é que ela estava há vários meses sem sexo.

Por vezes, a solução está nos princípios liberais.

Recorrer às forças do mercado.

E ao poder da iniciativa individual.

Vibradores de última geração mostram a força da criatividade humana.

Ivone entrou no site Sassariko's.

—Coisa mais fofa essa coleção temática.

Os motivos eram inspirados na Disney.

—Mickey, Pluto e Pateta... bonitinho.

Outros produtos tinham recursos musicais.

—Esse aqui conversa com o Spotify.

Ivone era fã do Kid Vinyl.

—Será que toca o Tique-Tique Nervoso?

Ela ia clicando no site.

—Mais difícil de escolher do que deputado federal.

Justamente.

—Ah... olha aqui... a coleção completa.

Os modelos eram numerados.

--Número Zero, número Um, número Dois...

A encomenda chegou em poucos dias.

Num pacote de luxo verde e amarelo.

--Bacana. O Bolsonarinho Zero tem até a faixa presidencial.

Os vibradores mostravam alto grau de imbrochabilidade.

--E o número Dois tem o tamanho certinho.

Tinha também um brinde para momentos liberais.

--Esse supermini é o da fraquejada... hihi.

Como as urnas eletrônicas, os valores da família podem ser invioláveis.

Mas o mundo do sexo adulto é como certos membros das Forças Armadas.

Cada um se mete onde bem entende.

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