Missão Artemis 1, voo sem tripulação de volta à Lua, termina neste domingo

Com ensaio bem-sucedido, Nasa se prepara para enviar astronautas às imediações lunares

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São Paulo

A missão Artemis 1 termina neste domingo (11), com uma amerissagem da cápsula Orion na costa da Califórnia.

Será o ponto final no teste que deve pavimentar o caminho para o retorno de humanos ao espaço profundo, com novas visitas às imediações e, com o tempo, à superfície lunar.

Câmera na Orion faz registro da Lua no sexto dia da missão Artemis 1 - Nasa

O teste final do módulo de tripulação, por ora ocupado apenas por três manequins recheados de sensores, acontece durante a reentrada e o pouso na água, quando um novo escudo térmico –maior do que os fabricados para as antigas missões Apollo– terá de resistir a algo como 2.700 graus Celsius (cerca de metade da temperatura na superfície do Sol) numa frenagem rápida partindo de 40 mil km/h, no momento da reentrada, à suave descida auxiliada por paraquedas no oceano.

Para o módulo de serviço, fornecido à Nasa pela Agência Espacial Europeia (ESA) e fabricado pela empresa aeroespacial Airbus, o sucesso já é total.

O design foi uma adaptação dos módulos de propulsão desenvolvidos para cargueiros originalmente criados para transportar suprimentos à Estação Espacial Internacional. Houve, contudo, adaptações. A mais chamativa delas, a acoplagem de um motor originalmente desenvolvido para o ônibus espacial americano pela empresa Rocketdyne, para dar maior poder de manobra para a inserção em órbita lunar e o retorno à Terra. Quatro grandes manobras propulsadas foram realizadas durante a missão, todas perfeitas e com economia de combustível com relação às estimativas originais.

O superfoguete SLS, desenvolvido pela Nasa e fabricado pela gigante Boeing para as novas missões lunares, também se provou confiável, realizando todas as etapas do voo até a injeção translunar que colocou a Orion no início de sua missão de 25,5 dias.

Com o esperado sucesso na reentrada e a recuperação da cápsula, a Nasa está pronta para planejar sua primeira missão tripulada ao espaço profundo desde a Apollo 17, que encerrou a primeira era de exploração lunar, em 1972.

Não será tão rápido quanto os entusiastas poderiam querer. Apesar do investimento até agora superior a US$ 50 bilhões, entre a cápsula Orion, o foguete SLS e sistemas de solo, ainda há gargalos que impedem a evolução mais rápida do programa.

Exemplo: decidiu-se, para economizar US$ 100 milhões, reutilizar computadores de bordo da Artemis 1 na Artemis 2. O tempo para recondicionar o equipamento pode acabar empurrando a missão para 2025, embora a agência ainda trabalhe com a perspectiva de um voo em 2024.

No campo do SLS, que foi até então o maior motivo de atrasos, agora há adiantamento, e vários dos elementos do próximo foguete já estão prontos.

Para o primeiro pouso tripulado, esperado na missão Artemis 3, ainda resta testar o veículo Starship, desenvolvido pela SpaceX. A empresa espera realizar seu primeiro voo orbital no começo de 2023, mas uma alunissagem na Lua com astronautas não deve ocorrer antes de 2026.

Em suma: as engrenagens seguem avançando para uma nova era de exploração lunar. Missões tripuladas vão se misturar a não tripuladas, países vão se misturar a empresas, e a expectativa é de que desta vez a humanidade vá à Lua para ficar. Mas se isso vai mesmo acontecer, só o futuro pode dizer.

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