Conheça o Starship, o poderoso foguete que a SpaceX tenta lançar neste sábado (18)

Veículo da empresa de Musk deve ser utilizado em missões para humanos voltarem à Lua

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São Paulo

A SpaceX planeja fazer seu segundo voo integrado do Starship, o maior e mais poderoso foguete já construído na história. O lançamento está marcado para as 10h (horário de Brasília) deste sábado (18), na base da empresa de Elon Musk em Boca Chica, no Texas.

Inicialmente, o teste estava agendado para esta sexta (17), porém acabou adiado. O motivo foi a necessidade de troca de um acionador de uma aleta de grade.

As aletas de grade são controles aerodinâmicos utilizados para ajustar e estabilizar os foguetes em sua fase de descida para que possam aterrissar em posição vertical. Os acionadores, por sua vez, são as peças da máquina usadas para transmitir movimento.

Foguete está apoiado em plataforma de lançamento
Starship em Boca Chica, no Texas (EUA); segundo voo teste está marcado para este sábado (18) - Joe Skipper/Reuters

A primeira tentativa, em abril deste ano, terminou com o veículo sendo explodido. A Administração de Aviação Federal dos Estados Unidos (FAA, em inglês) conduziu uma investigação e recomendou que fossem efetuadas 63 correções antes de um novo lançamento.

As recomendações foram seguidas, entre as quais os redesenhos do hardware do veículo para evitar vazamentos e incêndios e, também, da plataforma de lançamento para aumentar sua robustez.

Houve, ainda, a instalação de um sistema de "dilúvio" de água com borrifadores que são liberados após os motores serem ligados. Com isso, a expectativa é que sejam atenuadas as ondas acústicas e limitadas as vibrações.

Representantes da empresa disseram que o foguete está pronto para voar há meses e dependia apenas da aprovação de uma licença da FAA, o que ocorreu na última quarta (15).

Dado o sinal verde da agência, espera-se que o foguete desta vez complete sua missão de dar quase uma volta inteira em torno da Terra, em voo de cerca de 90 minutos, e então reentrar na atmosfera, fazendo um mergulho em alta velocidade no mar, próximo ao Havaí.

Dois estágios formam o veículo: um propulsor, denominado Super Heavy, de 71 m, e a nave propriamente dita, chamada de Starship, de 50 m. Starship também é o nome do foguete como um todo.

No primeiro teste, os dois estágios não se separaram. Essa falha levou à modificação do sistema de separação e, de acordo com Musk, testá-lo é a parte mais arriscada deste segundo lançamento.

Com capacidade para transportar entre 100 e 150 toneladas –algo como levar um Boeing 747 com a área de carga cheia— , o veículo deve mudar as regras do jogo na exploração espacial. Isso tornaria a construção de uma base na Lua um processo mais simples.

Segundo a SpaceX, seu veículo poderá transportar até cem pessoas em viagens interplanetárias e ser utilizado tanto para envio de satélites quanto de telescópios. Outra possibilidade, diz a empresa, será a realização de voos dentro da Terra.

O primeiro estágio do foguete, o Super Heavy, conta com 33 motores de propulsão —o maior número já usado em um foguete— movidos a metano e oxigênio líquidos. A escolha por esses combustíveis se deu pela facilidade de produzi-los a partir de água e dióxido de carbono, dois recursos disponíveis em Marte, destino a ser alcançado pela nave nos próximos anos. Pelo menos essa é a intenção de Elon Musk.

O veículo gera 7.600 toneladas de impulso no lançamento, mais que o dobro dos foguetes Saturno V, usados nos anos 1960 e 1970 pelo programa espacial da Nasa para as missões lunares Apollo.

Já o segundo estágio tem três motores para propulsão no espaço, para atingir velocidade orbital, e outros três para manobras na atmosfera. As duas partes foram pensadas e construídas para serem totalmente reutilizáveis.

Outras previsões tecnologicamente ambiciosas da SpaceX é que o propulsor Super Heavy não apenas retorne ao local de lançamento, mas também flutue sobre o solo enquanto dois braços na torre de lançamento o capturem no ar. A mesma manobra seria usada para o estágio superior do Starship quando ele retornar da órbita.

Musk disse que há "uma chance razoável" de capturar um propulsor dentro do próximo ano e possivelmente uma Starship da órbita antes do final do próximo ano.

O programa Starship nasceu como iniciativa independente da SpaceX, e com outro nome: Interplanetary Transport System. Trata-se do sistema com o qual Musk espera um dia promover a colonização de Marte.

Para isso acontecer, o custo de cada lançamento precisa cair drasticamente, o que só é possível se os veículos forem baratos, reutilizáveis, dispensarem grande manutenção entre voos, possam ser reabastecidos no espaço e sejam capazes de usar combustível facilmente produzido no planeta vermelho.

O Starship está contratado para fazer as alunissagens das missões Artemis 3 e 4 (a um custo de US$ 4,05 bilhões), o que significa dizer que não haverá astronautas caminhando na Lua tão cedo se o projeto da SpaceX fracassar.

O planejamento da Nasa é que uma versão da Starship leve dois astronautas para um pouso na região do polo sul da Lua durante a Artemis 3, que está programada para o final de 2025. Mas integrantes da agência americana já indicaram que essa data provavelmente será adiada para 2026, pelo menos.

Com AFP e Reuters

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