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Asteroide potencialmente perigoso se aproxima da Terra neste sábado

Corpo celeste, cujo risco de atingir o planeta é zero, poderá ser visto com o uso de binóculos ou telescópios

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Robin George Andrews
The New York Times

Um asteroide classificado como potencialmente perigoso passará perto da Terra neste sábado (29), o segundo num intervalo de dois dias. Mas não entre em pânico. O risco de que atinja o nosso planeta é zero. E, dependendo de onde você estiver no mundo, talvez até consiga vê-lo.

O maior deles, (415029) 2011 UL21, aproximou-se da Terra no fim da tarde desta quinta (26). Apesar dos seus 2,3 quilômetros de diâmetro, ele estava muito longe para ser visto sem um telescópio potente —a cerca de 6,5 milhões de quilômetros da Terra (em torno de 17 vezes a distância entre o planeta e a Lua).

Mas, no sábado, o 2024 MK ficará consideravelmente mais perto de nós. Ele passará a 290 mil quilômetros da Terra a mais de 30 mil quilômetros por hora. Se você tiver um telescópio decente ou talvez até mesmo alguns bons binóculos, e os céus estiverem sem nuvens, poderá ver o asteroide de 120 a 260 metros de diâmetro como um ponto de luz.

Imagem da Agência Espacial Europeia com projeção da trajetória (linha reta) do asteroide 2024 MK; a linha à esquerda indica a trajetória da Lua; e, no alto, está a Terra - ESA/via NYT

"Ele se moverá rápido, então você terá que ter algumas habilidades para avistá-lo", disse Juan Luis Cano, membro do Escritório de Defesa Planetária da Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês).

Os observadores de estrelas nos Estados Unidos, especialmente aqueles mais ao sudoeste do país, poderão avistar o asteroide passando rapidamente pelo planeta.

Aqueles no topo do vulcão Mauna Kea, no Havaí, estarão bem posicionados para vê-lo antes do amanhecer.

Quem estiver na América do Sul poderá ter a experiência de visualização mais fácil, segundo o astrônomo planetário Andrew Rivkin, do Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins.

Do Brasil, ele ficará visível de todo o território. O astrônomo Filipe Monteiro, do Observatório Nacional, afirmou que o objeto poderá ser visto na faixa das 19h de sábado (29) até a 1h de domingo (30), com o uso de binóculos —caso a pessoa esteja numa área de pouca poluição luminosa e o céu esteja sem nuvens— ou com telescópios de 150 mm.

Pequenos asteroides e fragmentos cometários às vezes invadem a atmosfera da Terra, criando um espetáculo de luz inofensivo. Muitos mais fragmentos rochosos e gelados passam raspando pelo planeta e frequentemente se espremem entre a Terra e a Lua.

Um asteroide do tamanho do 2024 MK por perto é menos comum. "Passagens tão próximas de coisas tão grandes são raras, mas acontecem em escalas de tempo de décadas —esta será a terceira (que conhecemos) neste século", disse Rivkin.

Passagens desse tipo são úteis para os pesquisadores de defesa planetária. Assim como o desta quinta, o asteroide de sábado será rastreado por radares, tornando possível determinar suas dimensões e trajetórias futuras.

"Essas medições reduzirão consideravelmente as incertezas acerca de seu movimento e nos permitirão calcular sua trajetória mais adiante no futuro", disse Lance Benner, o investigador principal do programa de pesquisa de radar de asteroides no Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa.

A dupla passagem também serve como uma prévia do Dia do Asteroide, neste domingo (30), data cujo objetivo é conscientizar a população do impacto de asteroides.

Em um 30 de junho, mas o de 1908, uma rocha com cerca de 50 metros de diâmetro explodiu acima de uma área remota da Sibéria, nivelando instantaneamente 1.280 quilômetros quadrados de floresta, quase a área da cidade de São Paulo. O episódio é conhecido como o evento de Tunguska, em referência a um rio que atravessa a região destruída.

Embora mais asteroides sejam encontrados a cada ano, a maioria daqueles próximos à Terra capazes de destruir uma cidade ainda não foram identificados. Felizmente, muitos mais poderão ser avistados por futuros telescópios —o do Observatório Vera C. Rubin, no Chile, e o da espaçonave Near-Earth Object Surveyor, da Nasa.

O asteroide 2024 MK, descoberto no último dia 16, tem pelo menos o dobro do comprimento do de Tunguska.

"Esse caso é mais um lembrete de que ainda há muitos objetos grandes a serem encontrados", disse Cano.

As agências espaciais dispõem de planos e da tecnologia para defender o planeta de asteroides, mas apenas se os encontrarem antes que eles nos encontrem.

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