Descrição de chapéu astronomia

Problemas prolongam 1ª missão tripulada da Starliner, hoje sem data definida para voltar do espaço

Em cenário ainda improvável, astronautas da Nasa poderiam retornar à Terra em cápsula da rival SpaceX

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Joey Roulette
Washington | Reuters

Problemas com a cápsula Starliner CST-100, ainda acoplada à Estação Espacial Internacional (ISS), alteraram os planos originais para o retorno de dois astronautas da Nasa à Terra. O motivo são correções de última hora e testes que prolongam uma missão crucial para o futuro da divisão espacial da Boeing.

A agência espacial americana já remarcou a volta da nave três vezes —originalmente seria no dia 14, passou para 18, depois 22 e mais tarde 26— e agora não tem data definida.

A imagem mostra uma nave com a Terra ao fundo. A nave está posicionada no centro da imagem. A superfície terrestre apresenta uma mistura de áreas desérticas e corpos d'água, com uma curvatura que indica a visão do espaço. A nave possui uma estrutura cilíndrica com vários componentes e detalhes técnicos visíveis.
A cápsula Starliner, da Nasa, acoplada à ISS, 421 quilômetros acima da costa do Egito - Nasa Johnson

Desde o lançamento em 5 de junho, a cápsula acumula cinco vazamentos de hélio, cinco propulsores de manobra inoperantes e uma válvula de propelente que falhou em fechar completamente. Com isso, a tripulação no espaço e os gerentes da missão em Houston têm dedicado mais tempo do que o esperado buscando correções durante a missão.

Aqui está uma explicação dos possíveis caminhos a seguir para a Starliner e seus veteranos astronautas, o comandante da missão Barry Eugene Wilmore, 61, e a piloto, Sunita Williams, 58.

A SITUAÇÃO ATUAL

A Starliner pode permanecer acoplada à ISS por até 45 dias, de acordo com o gerente da tripulação comercial da Nasa, Steve Stich. Porém, em último caso, a exemplo de um cenário em que surjam mais problemas que não possam ser solucionados nesse prazo, ela poderia ficar acoplada por até 72 dias, contando com vários sistemas de backup, segundo uma pessoa familiarizada com o planejamento de voo.

Internamente, a Nasa trabalha com a possibilidade de retorno em 6 de julho, de acordo com essa mesma fonte, que falou sob condição de anonimato. Isso significaria que a missão, originalmente planejada para oito dias, duraria um mês.

O sistema de propulsão descartável da Starliner faz parte do "módulo de serviço" da nave. Os problemas atuais estão centrados nesse sistema, necessário para afastar a cápsula da ISS e posicioná-la para mergulhar na atmosfera terrestre. Muitos dos propulsores superaqueceram ao serem acionados, e os vazamentos de hélio —utilizado para pressurizar os propulsores— parecem estar conectados à frequência com que são usados, segundo Stich.

Stich disse que os recentes testes de disparo dos propulsores enquanto a Starliner permanece acoplada deram confiança às equipes da missão para um retorno seguro, embora os testes e revisões estejam em andamento.

A equipe de gerenciamento da missão, composta de representantes da Nasa e da Boeing, analisa os dados sobre os problemas de propulsão, faz simulações em Houston e avalia como resolver os problemas —entre as possíveis soluções estão atualizar o software ou alterar a forma como o hardware é utilizado.

Uma vez que integrantes da Nasa deem sinal verde para o retorno, os propulsores da Starliner seriam usados para desacoplar a cápsula da ISS e iniciar uma jornada de aproximadamente seis horas para casa. Após mergulhar na atmosfera terrestre, a cápsula contaria com o auxílio de paraquedas e airbags para pousar em um dos vários pontos selecionados no sudoeste americano.

Esta é a primeira missão tripulada da Starliner, teste necessário para que a Nasa possa certificar a cápsula como a segunda opção para transporte regular para a ISS —a primeira é a Crew Dragon, da SpaceX.

SE O INESPERADO ACONTECER

Mesmo com os problemas no sistema de propulsão, a Nasa afirmou que a Starliner ainda seria capaz de carregar os astronautas de volta à Terra se for absolutamente necessário —ou seja, se ela precisar servir como uma cápsula de fuga da ISS em uma emergência ou se algum dos seus itens com data de validade, a exemplo de seus painéis solares, mostrarem sinais de expirar mais cedo do que o planejado.

Diferentemente da atual missão da Starliner, a Nasa não definiu uma data de retorno programada para a primeira viagem tripulada da Crew Dragon, em 2020. A missão da cápsula da SpaceX acabou durando 62 dias porque os astronautas precisaram ajudar na manutenção da ISS, já que a estação espacial estava com falta de pessoal na época.

Dois astronautas estão flutuando em uma estação espacial. Eles estão próximos a uma escotilha circular, com um deles parcialmente dentro dela. Há vários adesivos coloridos na parede ao lado da escotilha. Ambos estão sorrindo e parecem estar em um ambiente de microgravidade.
Os astronautas Barry Eugene Wilmore, 61, e Sunita Williams, 58, no acesso da cápsula Starliner à Estação Espacial Internacional (ISS) - Nasa Johnson

SE A STARLINER NÃO PUDER SER USADA

Se for avaliado que a Starliner não pode retornar à Terra com Wilmore e Williams em segurança, uma opção seria enviá-los para casa a bordo do Crew Dragon, que transportou quatro astronautas para a estação em março e é capaz de acomodar mais pessoas em uma emergência.

Esse cenário, considerado improvável, sem dúvida seria constrangedor para a Boeing. Mas representantes da Nasa e da Boeing, bem como engenheiros familiarizados com o programa, disseram à Reuters que nada sobre os problemas atuais do Starliner indica que isso seria necessário.

Em um cenário como esse, o destino da cápsula dependeria de vários fatores, incluindo a extensão de seus problemas técnicos.

A última vez que um astronauta da Nasa precisou de um meio alternativo para voltar para casa foi em 2022, quando a cápsula Soyuz, da Rússia, teve um vazamento após levar à estação dois cosmonautas e o astronauta Frank Rubio.

A Nasa havia considerado a Crew Dragon como um meio alternativo para Rubio voltar para casa, mas ele acabou usando uma cápsula Soyuz vazia que a Rússia lançou como uma nave de resgate. A missão de Rubio foi estendida de seis meses para um pouco mais de um ano (371 dias), uma duração recorde para um americano no espaço.

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