Adriana Fernandes

Jornalista em Brasília, onde acompanha os principais acontecimentos econômicos e políticos há mais de 25 anos

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Fala de ministra do STJ antecipa conflitos para regular reforma tributária

Formato do empacotamento dos projetos pode prejudicar qualidade do resultado final

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Se não houver uma reviravolta até os 45 minutos do segundo tempo, as propostas de regulamentação da reforma tributária chegam na próxima semana ao Congresso.

É preocupante que até agora não se saiba com 100% de certeza como a regulamentação vai desembarcar na Câmara. E também como o presidente da casa, Arthur Lira, decidirá despachar os projetos.

Dois, três, quatro projetos? Vai juntar aos 13 projetos de regulamentação paralelos protocolados por parlamentares, sobretudo os de oposição?

O formato do empacotamento dos projetos da regulamentação pode prejudicar a qualidade do resultado final. Uma fragmentação da regulamentação é ruim neste momento de antecipação das movimentações políticas para a sucessão do presidente Arthur Lira.

Rodrigo Pacheco no sessão da promulgação da reforma tributária pelo Congresso - Adriano Machado/Reuters

Há disputa forte pelo protagonismo das relatorias.

Não se espera céu de brigadeiro na tramitação dos projetos. O ambiente de conflito no Parlamento com o Executivo não ajuda.

Sabe-se de antemão que Haddad prefere dois grandes projetos de lei complementar. Há um terceiro projeto de lei ordinária para regulamentar o Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional, cuja forma de partilha dos recursos já foi definida no texto constitucional e, portanto, considerado de importância secundária.

Haddad pisa em ovos porque a decisão não é mais técnica. É política de como e quando entregar.

Entregues as minutas das propostas para Lira, a próxima fase da reforma tem tudo para ser bastante tumultuada.

Não bastassem os ânimos acirrados entres os três Poderes, a proposta do governo concorrerá com os 13 projetos.

Há uma grande expectativa por parte dos agentes econômicos sobre o conteúdo dos projetos. O grande desafio é fazer com que os projetos de lei aprovados nas duas casas legislativas não sejam uma concha de retalhos que deixe o sistema tributário tão caótico como é o atual.

Nesse sentido, é preocupante a recente declaração dada pela ministra do STJ Regina Helena, para quem a reforma tributária criou dois tributos, o IBS (estados e municípios) e a CBS (governo federal).

Para ela, esse novo modelo abrirá outros focos de litígio e de embates, o que colocaria em xeque a pretensão de reduzir o volume de discussões judiciais em torno do recolhimento e pagamento de impostos.

As percepções da ministra do STJ acenderam um alerta amarelo. É o assunto mais discutido, nos últimos dias, pela turma que cuida de perto da regulamentação da reforma. Uma prova do caminho tortuoso que será fazer avançar a regulamentação e implementar o que for aprovado.

Embora o sistema adotado pelo Brasil na reforma seja o modelo conhecido como dual, a concepção do texto constitucional foi toda baseada, na prática, como se fosse um imposto único.

Tanto é assim que as diferenças existentes entre os atuais tributos federais, estaduais e municipais foram igualadas no texto da emenda constitucional da reforma para que o IBS e a CBS fossem regulamentados como um tributo apenas.

Se a percepção da ministra do STJ vingar, a reforma tributária corre um sério risco de fracassar. Um aperitivo do que vem por aí.

Para que isso não ocorra, será necessário um grande esforço das partes envolvidas para preservar a integralidade do texto constitucional aprovado em dezembro passado.

São tantas divergências a serem acomodadas no Congresso que uma diluição dos projetos pode ser boa para atender interesses políticos na sucessão das mesas e de lobbies dos setores empresariais, mas não para a consolidação de uma regulamentação bem amarrada e conectada.

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