Adriana Fernandes

Jornalista em Brasília, onde acompanha os principais acontecimentos econômicos e políticos há mais de 25 anos

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Descrição de chapéu São Paulo Governo Lula

Confrontado por plano de SP, Haddad dispara recado a Tarcísio

Para petistas e muitos aliados do governo Lula, seria um alívio renegociação de divida não sair

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O ministro Fernando Haddad disparou um recado para o governador Tarcísio de Freitas, após o plano de redução de gastos anunciado pelo estado de São Paulo virar ao longo da semana mote de comparação com o ajuste fiscal da equipe econômica do presidente Lula (PT).

Em entrevista ao jornal Valor Econômico, publicada nesta sexta-feira (31), Haddad deixou escapar propositadamente que o programa de ajuste do governador para aumentar investimentos no estado depende do Executivo federal.

Haddad até que disse que há boa vontade do governo Lula para fazer a negociação, mas logo depois foi cristalino ao dizer que o governador está colocando na conta da Fazenda Nacional parte do plano.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas , após reunião com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em Brasília - Gabriela Biló - 13.mar.24/Folhapress

"O Tarcísio está muito inspirado na Fazenda porque 80% do plano é redução do gasto tributário e redução do juro da dívida de São Paulo, que é o trabalho que estamos fazendo. No nosso caso, o juro não é contratual, é a Selic, mas o dele é. Ele depende do Executivo federal para conseguir", avisou.

Tarcísio e seu secretário de Fazenda, Samuel Kinoshita, não escondem que querem renegociar a dívida de R$ 279 bilhões que têm com a União para ampliar o espaço para novos investimentos.

O governo paulista paga R$ 19 bilhões por ano ao Tesouro Nacional de juros e pegou carona com o Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Minas Gerais para buscar um alívio no custo das parcelas por meio de uma mudança na forma de correção da dívida. Os quatro estados são os mais endividados.

Como Tarcísio e Kinoshita gostam de repetir, São Paulo tem uma situação financeira confortável, apesar do alto endividamento com a União. A lógica do governador é reduzir a parcela da dívida para o governo paulista poder, principalmente, ampliar os empréstimos. Um comprometimento elevado com a dívida é um limitador para o crédito.

São Paulo tem tido dificuldades com os critérios de priorização da Cofiex (Comissão de Financiamento Externo) para a concessão de garantias. O colegiado, que está na estrutura do governo federal, é responsável por analisar e aprovar projetos e programas do setor público que contam com financiamento externo, por exemplo, de organismos multilaterais como o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento),

Cotado a candidato à Presidência da República nas eleições de 2026, Tarcísio tem planos para chegar ao final do segundo biênio do seu mandato como governador com uma carteira de grandes projetos, sobretudo de infraestrutura, que possam dar visibilidade ao seu governo.

Não foi por acaso que os secretários de Fazenda dos estados divulgaram, na semana passada, uma carta aberta em defesa da inclusão de um fundo de investimentos na proposta em negociação com o Ministério da Fazenda para auxílio da União aos governos estaduais. A decisão ocorreu depois de uma reunião em São Paulo.

Quando se reuniu com Tarcísio em março, Haddad antecipou que o governo iria aceitar uma nova renegociação da dívida da União com os estados. Os termos da renegociação chegaram a ser anunciados e incluíram um estímulo a investimentos na educação. O envio do projeto, porém, não foi formalizado ao Congresso.

Agora, o próprio secretário do Tesouro, Rogério Ceron, admitiu em entrevista à Folha que, com a tragédia no Rio Grande do Sul, a proposta ficou para um segundo momento. As principais considerações nas negociações estavam relacionadas a eventuais flexibilizações no uso da economia com o pagamento de juros para outras aplicações. Em especial, em infraestrutura. Justamente uma demanda puxada por São Paulo.

Na resposta que Haddad deu aos jornalistas do Valor à pergunta se haveria cobranças para o governo fazer o mesmo (cortar despesas), o menos importante é a fonte de inspiração que Haddad alega que Tarcísio seguiu.

Mas a percepção que o ministro passou é que o Ministério da Fazenda pode deixar os planos de renegociação em banho-maria. Aliás, pessoas a par do tema no governo em conversa com a coluna têm a leitura de que isso já estaria acontecendo. Para petistas e muitos aliados do governo Lula, seria um alívio.

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