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Inglaterra vota em eleições onde o lixo é mais importante do que o 'brexit'

Votação definirá comando dos distritos, divisão equivalente aos bairros nas grandes cidades

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Uma boa parte da Inglaterra vai às urnas nesta quinta-feira (3) em eleições locais em mais de 150 distritos espalhados pelo país.

Estas serão as últimas eleições antes de o Reino Unido deixar a União Europeia –caso, claro, o governo da primeira-ministra conservadora Theresa May resista às várias polêmicas envolvendo o próprio "brexit".

Mas, nesta votação, questões como coleta de lixo e funcionamento das escolas públicas serão mais importantes para os eleitores do que as negociações com os europeus.

Afinal, a população vai eleger os conselheiros que vão dirigir os seus distritos, o núcleo mais básico do sistema político do país –equivalente, nas grandes metrópoles, aos bairros locais.

Londres, por exemplo, é dividida em 32 distritos com administrações próprias e independentes.

Os distritos são os responsáveis pelas escolas públicas, gerem o planejamento do bairro, definem regras de segurança, decidem como usar os recursos de direitos sociais e cuidam da coleta de lixo.

Cada distrito é responsável também pela definição e coleta do “council tax”, uma espécie de IPTU cobrado de cada propriedade sob sua jurisdição.

Ou seja, as decisões distritais sempre afetam diretamente, de uma forma ou de outra, a vida de cada um dos eleitores do distrito. Muito mais do que alguns dos debates envolvendo o prefeito de Londres, o Parlamento ou o governo central do Reino Unido.

No caso de Birmingham, por exemplo, o lixo tem sido um dos tópicos mais debatidos da eleição.

A estudante Shakira Elysses-Bryden (esq.) recebe os conselheiros locais Claire Gilbert e Jeremy Ambache, do Partido Trabalhista, durante a campanha em Wandsworth, no sul de Londres
A estudante Shakira Elysses-Bryden (esq.) recebe os conselheiros locais Claire Gilbert e Jeremy Ambache, do Partido Trabalhista, durante a campanha em Wandsworth, no sul de Londres - Joe Jackson - 25.abr.2018/AFP

​Tudo por causa de uma greve dos lixeiros que deixou a segunda maior cidade da Inglaterra em situação caótica por três meses no ano passado.

Os candidatos, claro, trocam acusações e prometem que isso nunca mais vai acontecer –como fazem os políticos de qualquer parte do mundo.

A eleição distrital também muda muito a forma de campanha eleitoral. Os candidatos disputam votos literalmente casa a casa.

Eles e elas andam pelas ruas do bairro, com um ou dois assessores, batendo às portas dos eleitores, apresentando-se e pedindo votos.

O sistema de votação também é diferente.

No meu distrito, poderei votar em até três conselheiros. Caso tivesse uma casa em outro distrito e fosse registrado por lá, poderia votar nos dois lugares.

Nas eleições locais (que este ano acontecem apenas em partes da Inglaterra e não no País de Gales, Irlanda do Norte ou Escócia), cidadãos dos países da União Europeia e dos países do Commonwealth também podem votar.

Não existe título eleitoral e os eleitores não precisam nem mostrar documentos para provar sua identidade. Basta apresentar uma ficha que cada eleitor registrado para votar no bairro recebe pelo correio semanas antes da eleição.

Os eleitores podem votar até pelo correio –mandando seu voto alguns dias antes da votação.

Em alguns casos, por deficiência ou doença, podem até pedir para algum amigo ou familiar votar por eles. Basta apresentar um documento delegando o direito.

E, claro, como na maioria dos países realmente civilizados politicamente, o voto não é obrigatório.

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