Ana Cristina Rosa

Jornalista especializada em comunicação pública e vice-presidente de gestão e parcerias da Associação Brasileira de Comunicação Pública (ABCPública)

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Ana Cristina Rosa

A falácia da meritocracia

Hoje no Dance Theatre of Harlem, bailarina Ingrid Silva foi descoberta em projeto na Mangueira

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Ingrid Silva, negra, primeira-bailarina do Dance Theatre of Harlem, é uma inspiração e exemplo da legião de talentos que o Brasil desperdiça nos mais variados segmentos ao negar oportunidades reais de desenvolvimento social, econômico e cultural para a maioria de sua população.

Neste mês a bailarina que é referência no universo da dança foi premiada por Harvard com o Latina Trailblazer Award após se tornar a primeira brasileira a proferir a palestra principal e encerrar a 14ª Conferência de Empoderamento e Desenvolvimento de Mulheres Latino-Americanas.

O sucesso de Ingrid é prova de que a meritocracia não passa de falácia num contexto de tamanha desigualdade como o brasileiro. De origem humilde, ela provavelmente não teria descoberto, que dirá desenvolvido, seu inegável talento para o balé clássico sem participar de um projeto social na comunidade da Mangueira, no Rio de Janeiro.

Além de cruel, é injusto falar em mérito e cobrar desempenho sem que haja sequer oportunidade. Trata-se de legitimar a desigualdade por meio da transferência da responsabilidade do Estado para o indivíduo.
Por óbvio que pareça, ainda é necessário afirmar que questões como origem familiar e relações interpessoais se refletem diretamente no futuro de cada um. Abandonado à própria sorte é bem mais difícil de realizar qualquer sonho, sobretudo quando se carrega estigmas sociais.

É aí que deveriam entrar as políticas públicas para enfrentar as inúmeras discrepâncias que só fazem crescer no país e impactam as pessoas negras de forma mais aguda.

Como observou Ivair dos Santos, doutor em sociologia e militante do movimento negro com quem conversava dia desses, “há um raciocínio que leva a pensar que são incalculáveis as potencialidades perdidas no país”. Em “Como Ser Antirracista”, Ibram X. Kendi diz que os americanos vêm sendo treinados para cometer o erro de enxergar as limitações das pessoas, e não das políticas. Estará o mesmo ocorrendo por aqui?

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