Ana Fontes

É empreendedora social e fundadora da RME (Rede Mulher Empreendedora). Vice-presidente do Conselho do Pacto Global da ONU Brasil e membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável da Presidência da República

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Descrição de chapéu Todas desigualdade de gênero

Mulher tem tempo livre?

Enquanto os homens gastam 11 horas semanais em tarefas domésticas, as mulheres dedicam 21 horas semanais

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Na última semana de agosto aconteceu o encontro especial do W20 (grupo de engajamento do G20 para pauta de mulheres) em São Paulo, um evento que reúne mulheres potentes que estão lutando para abrir espaço em diversas áreas para outras mulheres.

Entre os temas abordados nesse bate-papo estava a economia do cuidado, um tópico que fazemos questão de trazer para conhecimento geral. Para quem desconhece o termo, a economia do cuidado abrange especificamente mulheres que gastam boa parte das suas horas diárias em outros tipos de serviços, que envolve normalmente cuidados, seja com a casa ou com outras pessoas. As principais características da economia do cuidado, além de ser direcionada principalmente para as mulheres, é que trata-se de um serviço não remunerado, não valorizado financeiramente e não reconhecido socialmente.

De acordo com um levantamento do IBGE, enquanto os homens gastam 11 horas semanais em tarefas domésticas, as mulheres dedicam 21 horas semanais neste trabalho. Isso me faz pensar se nós, mulheres, temos realmente tempo livre para nós mesmas? Passamos horas e horas durante a semana trabalhando fora, depois chegamos em casa e ainda cuidamos dos nossos filhos, da casa e muitas vezes dos nossos parceiros. São tantas responsabilidades diárias que fica difícil achar um tempo livre para fazer algo que gostamos e que não tenha nada ver com responsabilidade ou em cuidar de outras pessoas.

Fotografia de uma mulher sentada à frente de m computador enquanto fala ao telefone e, com a outra mão, balança um carrinho de bebê com uma criança pequena dentro
A economia do cuidado abrange especificamente mulheres que gastam boa parte das suas horas diárias em outros tipos de serviços, que envolve normalmente cuidados, seja com a casa ou com outras pessoas - Antonioguillem/Adobe Stock

Inclusive, estou me incluindo neste grupo, pensando nas viagens que faço toda semana entre São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, fora meus compromissos diários na Rede Mulher Empreendedora, como membro do Conselhão da Presidência e minha participação em conselhos de empresas privadas. Por isso, gostaria que você, mulher, também fizesse esse retrospecto de quanto tempo consegue dedicar para você, seja para sair para almoçar fora com uma amiga ou pegar um cinema no meio da semana sozinha. Se perceber que não faz isso há um bom tempo, te aconselho a mudar isso o mais rápido possível.

Você tem sim o direito, e digo até o dever, de ter um momento só seu. Afinal, para além de mães, filhas, parceiras, gerentes, CEOs, somos indivíduos e temos direito a ter nossos próprios hobbies. Além do mais, ter esse tempo de folga é muito importante para manter a nossa saúde mental em dia, só terapia não faz milagre, certo? Temos que nos ajudar entendendo que temos limites, físicos e mentais, e que é primordial respeitá-los.

Agora, meu recado para os homens que estão lendo é: já parou para analisar o quanto você gasta com as tarefas domésticas? Compare essas horas com a sua parceira, mãe, filha, irmãs e etc. Talvez, seja o momento de você utilizar do seu privilégio para que a mulher que faz parte da sua vida tenha mais tempo livre para ela. Como sempre digo, é um papel da sociedade, como um todo, oferecer um ambiente mais amigável e saudável para as mulheres, e isso pode começar dentro de casa com a divisão de tarefas. Assim como você quer tempo para jogar aquele futebol com os amigos quarta a noite, sua parceira, irmã, mãe ou filha também quer sair para beber com as amigas ou ter tempo de qualidade para ela.

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