Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Com 100 mil mortos, Bolsonaro quer imunidade na catástrofe do coronavírus

Presidente só está preocupado em se livrar dos custos políticos do desastre do governo

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A conta ainda supera a média de 1.000 mortes por dia, mas Jair Bolsonaro quer “tocar a vida”. Na semana em que o país bateu as 100 mil vítimas do coronavírus, o presidente ainda estava preocupado em se livrar dos custos políticos de sua própria gestão catastrófica da crise.

Ao lado do general que escalou para ocupar a cadeira vazia do Ministério da Saúde, o chefe do Executivo não deu muita bola para a marca que seria atingida dias depois.

“A gente lamenta todas as mortes. Já está chegando ao número de 100 mil. Mas vamos tocar a vida e buscar uma maneira de se safar desse problema”, disse Bolsonaro em sua transmissão nas redes, na quinta (6).

O presidente fez de tudo para atrapalhar o combate à pandemia, mas continua tentando “se safar” das consequências dessa sabotagem. No vídeo, ele quis convencer seus seguidores de que a cifra mórbida era culpa de todos, menos de seu governo.

Jair Bolsonaro segura uma caixa de cloroquina no Palácio da Alvorada - Facebook/Jair Bolsonaro

Bolsonaro mentiu de novo ao dizer que o STF “decidiu que as medidas restritivas eram de competência exclusiva de governadores e prefeitos”. A ideia era jogar na conta desses políticos o desemprego provocado pela paralisação da economia.

Ele só não quis dizer que o tribunal apenas definiu a competência de estados e municípios, apontando que o governo federal também deveria participar desse trabalho —o que o presidente se recusou a fazer.

Em busca de imunidade, Bolsonaro também apelou para a cloroquina. Afirmou que seus adversários “têm que responder” pelos alertas sobre o medicamento, que não tem eficácia comprovada. Ele mesmo, porém, busca absolvição. “Pode ser também que, mais tarde, não se comprove que isso aqui tenha sido tão eficaz assim, ou até ineficaz. Paciência, acontece”, declarou.

O presidente minimizou os riscos da doença, incentivou um boicote ao isolamento, explorou sua rivalidade com governadores, mandou maquiar dados da pandemia e deixou o país sem ministro por 87 dias. Bolsonaro pode tentar se safar, mas não conseguirá apagar o que fez.​

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