Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Bolsonaro aposta em milagre econômico para encobrir tragédia

Governo espera turbinar popularidade, mas risco de apagão surge no caminho

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Vez ou outra, quando o calo aperta na CPI da Covid, um bolsonarista aparece com números vistosos da economia. No depoimento de Eduardo Pazuello, o líder do governo deixou o tema da comissão de lado por um minuto e fez propaganda das previsões otimistas do mercado financeiro para o crescimento do PIB e a retomada do emprego.

Jair Bolsonaro aposta num milagre econômico para recuperar popularidade até a eleição. A ideia é aproveitar o crescimento na casa de 4% previsto para este ano, pegar carona na provável recuperação das taxas de emprego e turbinar programas sociais para encobrir a tragédia da pandemia. Pode funcionar.

O líder do governo explicou a lógica. Fernando Bezerra (MDB) afirmou ao Valor Econômico que a oposição só trata a CPI como "bala de prata" porque "o movimento da economia é muito maior". Ele afirmou que o governo vai aproveitar uma folga no Orçamento para atender aos mais pobres e que a mudança no clima vai reeleger o presidente.

Políticos experimentados continuam na canoa de Bolsonaro porque sabem que a melhora do ambiente econômico costuma dar alívio até para o governante mais incompetente. Assim como crises pesam sobre a popularidade de presidentes, a queda do desemprego e o dinheiro no bolso têm um efeito positivo difuso sobre esses índices.

O plano de engordar o Bolsa Família daria a Bolsonaro um impulso adicional e mais direto. Em 2020, o auxílio emergencial fez com que a popularidade do presidente saltasse de 22% para 37% entre os brasileiros mais pobres. Com a interrupção das parcelas, esse índice voltou a 23%.

O vento parece soprar a favor de Bolsonaro, mas o governo tem problemas no caminho. Além do desastre da pandemia, o país ainda pode terminar o ano com 14 milhões de desempregados e uma inflação que demora a ceder. Para completar, a falta de chuvas jogou no radar o risco de um racionamento de energia –que costuma ser fatal para governantes competentes e incompetentes.

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