Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Arranjos políticos podem multiplicar estrago de um 2º governo Bolsonaro

Autocrata com mandato renovado nas urnas pode ser tão perigoso quanto golpista bem-sucedido

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Os arranjos que Jair Bolsonaro fez para sobreviver no cargo, proteger seus aliados e disputar a reeleição têm potencial para multiplicar o estrago que ele deve fazer se conquistar um segundo mandato. O contrato político com o centrão, as nomeações para tribunais e a ocupação de espaços na máquina do governo serão ferramentas exploradas pelo presidente numa insistente tentativa de ampliar seus poderes.

O acordo de Bolsonaro com o PL é mais do que o aluguel de uma casa para a campanha. Se conseguir mais quatro anos no cargo, o presidente terá uma sociedade consolidada com um bloco disposto a articular a aprovação de projetos do Planalto em troca de acesso a dinheiro público e dividendos políticos.

A votação da proposta que adia o pagamento de dívidas para abrir espaço no Orçamento mostra que essa aliança é capaz de mudar a Constituição para atender ao presidente. Num governo Bolsonaro 2, ele teria uma margem de manobra mais ampla para aprovar disparates de sua agenda ultraconservadora, flexibilizar o uso de armas ou esvaziar o poder de outras instituições.

O acerto reforçado com o centrão pode facilitar a vida de Bolsonaro em nomeações para cargos-chave. Foi esse bloco de partidos o responsável por mandar para o STF o ministro Kássio Nunes Marques, a quem o presidente se referiu como "10% de mim". Ao fim de um novo mandato, ele pode ter quatro indicados na corte. "Aí, você mudou a linha do Supremo Tribunal Federal", ostentou.

O presidente também deve transportar para um segundo governo seu avanço sobre órgãos como a Polícia Federal e o Tribunal de Contas da União. Com respaldo de aliados políticos, ele terminaria de desmontar instituições de controle para completar a blindagem de sua família e sua tropa de choque.

Experiências em países como a Hungria já mostraram que um autocrata com base política, postos estratégicos e mandato renovado nas urnas pode ser tão perigoso quanto um golpista bem-sucedido.

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