Em pouco mais de duas semanas de segundo turno, Lula teve oito agendas de campanha no Sudeste e quatro no Nordeste. Jair Bolsonaro concentrou nove atos no Sudeste e outros quatro no Nordeste. Os dados do primeiro turno ajudam a explicar a disputa territorial pelos votos restantes na etapa final da corrida.
No dia 2 de outubro, quase 10 milhões de eleitores preferiram manter alguma distância de Lula e Bolsonaro, digitando nas urnas os números de outros candidatos. Os maiores estoques de votos nem-nem se concentraram no Sudeste (4,8 milhões) e no Nordeste (2 milhões).
Pescar esses eleitores é a prioridade das duas campanhas. A vantagem com que Lula saiu das urnas no primeiro turno impulsionou o petista na largada, mas o reforço da campanha de Bolsonaro e a ofensiva organizada pelo presidente nas duas regiões deixam aberta a chance de uma ultrapassagem.
Mantidas as votações que cada candidato já recebeu, Lula chegaria à vitória no segundo turno se conquistasse apenas um de cada quatro eleitores nem-nem do Sudeste, mais um de cada três do Nordeste. Seria uma conquista relativamente modesta, considerando que o ex-presidente obteve 43% dos votos válidos na primeira região e 67% na segunda.
O resultado seria favorável ao petista mesmo que Bolsonaro recebesse o apoio de todos os demais eleitores nem-nem no Sudeste e no Nordeste, além de 100% desses votos no Sul, no Norte e no Centro-Oeste.
Alguns elementos, no entanto, podem desequilibrar a equação: um bloqueio ao crescimento de Lula no Sudeste, a abstenção de eleitores do Nordeste que já apoiaram o petista no primeiro turno e uma reversão de votos nessas e em outras regiões.
A campanha de Bolsonaro tem se dedicado a ativar os três fatores. O antipetismo direcionado a setores da classe média, a disseminação do medo nas igrejas e a ação de governadores que tiveram votações combinadas com Lula no primeiro turno farão diferença nos campos de batalha cruciais do segundo turno.
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