Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Terrorismo eleitoral de patrões só entra em cena quando acaba a saliva

Bolsonarismo nunca escondeu que encara as relações de trabalho como uma arma política

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Na campanha de 2018, Jair Bolsonaro fez um giro por associações empresariais e prometeu que os patrões teriam um governo amigável. Nesses eventos, ele disse que os trabalhadores deveriam fazer uma escolha: preservar seus direitos e enfrentar o desemprego ou aceitar menos direitos para manter o emprego.

O bolsonarismo nunca escondeu que encara as relações de trabalho como uma arma política. Segundo essa filosofia, a ameaça de fechamento de vagas (de forma velada ou explícita) pode ser usada tanto para reduzir os mecanismos de proteção aos empregados como para conseguir votos na eleição.

O empresário Luciano Hang puxou a fila ainda na disputa passada, sem muito pudor. Antes do primeiro turno, ele divulgou um vídeo em que insinuava a possibilidade de demissões caso a esquerda vencesse. "Se não abrir mais lojas e nós voltarmos para trás, você está preparado para sair da Havan?", perguntou aos funcionários. Depois, ele sofreu uma condenação na Justiça do Trabalho.

O terrorismo eleitoral se espalhou por lojas e fábricas na disputa de 2022. O presidente de uma empresa do setor têxtil em Santa Catarina chamou trabalhadores para dizer que poderia cortar vagas se Bolsonaro não fosse reeleito. No Pará, o dono de uma indústria de cerâmica disse aos empregados que empresas corriam o risco de fechar e ofereceu R$ 200 a cada um deles em caso de vitória do atual presidente.

Em maio, o próprio Bolsonaro chegou a pedir que empresários trabalhassem para virar votos entre seus funcionários. Não falou em dinheiro, mas pediu a pelo menos dois grupos de patrões que reunissem trabalhadores para falar dos perigos da Venezuela e de uma vitória da esquerda.

Tudo indica que a turma que apoia Bolsonaro no empresariado encontrou alguma dificuldade para convencer os trabalhadores de que os quatro anos de governo do capitão o credenciam para mais um mandato. As ameaças e a tentativa de compra de votos só costumam entrar em cena quando acaba a saliva.

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