Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Bruno Boghossian

Condições ásperas moldam relação de Lula com base à esquerda

Esquerda petista puxa agenda econômica, e MST promete pressão sobre o governo

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Lula tem ouvido um certo barulho à esquerda do Palácio do Planalto. Na economia, alas do PT mantêm uma campanha contra o aperto do arcabouço fiscal negociado pela Fazenda com o Congresso. No campo, o MST promete aumentar a pressão sobre o governo pelo avanço de iniciativas de reforma agrária.

O presidente não é um principiante nessa área. Quando a esquerda petista atacou a agenda econômica do primeiro mandato, Lula deu sinal verde para a expulsão de parlamentares da sigla. Com os movimentos sociais, o governo conseguiu uma relação amigável graças à aceleração de políticas públicas e à partilha de cargos na máquina federal.

O novo mandato oferece a Lula circunstâncias mais ásperas de interação com esses setores de sua base. Ainda que o presidente dê passos à esquerda (na plataforma social, na diplomacia e nas escolhas sobre o papel do Estado, por exemplo), as condições políticas e econômicas puxam o governo em outra direção.

Com 40 anos de MST, João Pedro Stedile deu o diagnóstico. Em entrevista a Mônica Bergamo, o líder do movimento disse que o time de Lula demora para atender demandas, criticou a reação negativa de ministros à ocupação de terras pelo grupo e avaliou que a eleição tensa deixou o governo "meio medroso" para enfrentar o que chama de "luta social".

De fato, o quadro político levou Lula a fazer concessões a setores distantes da órbita da esquerda. O governo tem um ministro da Agricultura ligado a grandes produtores e encara com cautela o custo reputacional das invasões do MST.

Algo semelhante ocorre com Fernando Haddad, que amortece pressões da esquerda na economia. O controle de despesas proposto pelo ministro no arcabouço fiscal foi comparado a um pacto com o diabo pelo deputado Lindbergh Farias (PT).

A própria esquerda, porém, reconhece o valor das concessões. Na entrevista à Folha, Stedile elogiou a agenda de Haddad e chegou a dizer que o ex-tucano Geraldo Alckmin pode ser um bom sucessor para Lula.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.