Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Bruno Boghossian

Caminho da reforma tributária resume novos padrões da política

Proposta tem discrição de Lula, ação de Haddad, domínio de Lira e sinais de instabilidade na oposição

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Lula falou pouco da reforma tributária desde que voltou ao Palácio do Planalto. Em discursos e entrevistas, o presidente se referiu à proposta em termos genéricos e comentou a importância do projeto sem discutir detalhes. Celebrou as perspectivas de aprovação do texto, mas evitou tomar a bandeira em suas mãos.

Não é que o governo não tenha interesse no tema. Lula queria uma reforma com impacto redistributivo, mas a simplificação debatida no Congresso já foi considerada um passo largo. A Fazenda criou uma secretaria especial para cuidar do assunto, e Fernando Haddad se envolveu diretamente na negociação.

O avanço da proposta resume um processo de adaptação do governo e de outros atores aos arranjos políticos que marcam os seis meses iniciais de Lula. O presidente examinou os limites de sua atuação, o centrão trabalhou para maximizar seus ganhos, e a oposição exibiu sinais de uma fase de instabilidade.

A tentativa de aprovar a reforma vem sendo tratada em Brasília como mais uma operação dominada pelo Congresso —especificamente por Arthur Lira. A ausência de Lula do debate público foi vendida como uma ação tática para reduzir riscos de contaminação das discussões e permitir que o presidente da Câmara construísse sua maioria no plenário.

O governo tinha pressa para aprovar outros itens da pauta econômica, mas teve de topar o cronograma de Lira, que elegeu a reforma tributária como uma espécie de selo de qualidade para sua gestão. Para melhorar as chances de aprovar o pacote completo, o Planalto liberou uma carga generosa de emendas, abastecendo grupos próximos ao presidente da Câmara.

O caminho da proposta, seja qual for seu desfecho, expõe ainda uma colisão precoce entre Jair Bolsonaro e Tarcísio de Freitas. O ex-presidente declarou oposição inegociável e tentou carimbar o projeto como uma "reforma tributária do PT". O governador deixou o antigo chefe falando sozinho e se reuniu com Haddad para combinar ajustes no texto.

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