Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Bruno Boghossian

Hacker junta elementos sobre papel de Bolsonaro em conspiração

Acusação formal contra ex-presidente por envolvimento na trama golpista é uma questão de tempo

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Um capítulo importante das investigações sobre os ataques de 8 de janeiro mira a conspiração que era operada dentro dos palácios e gabinetes do governo Jair Bolsonaro. A armação para abalar a credibilidade das eleições e criar turbulências deve render ao ex-presidente e seus auxiliares uma acusação formal por envolvimento na trama golpista.

Bolsonaro exibia parte da farsa à luz do dia. Contava mentiras em palanques, usava a TV estatal para espalhar informações falsas sobre as urnas e acionava as Forças Armadas para intimidar os tribunais. Em comícios, sugeria cancelar as eleições, dizia que havia fraude nas votações e estimulava uma reação de apoiadores a uma eventual derrota.

A Polícia Federal já havia desmanchado a versão fantasiosa de que o ex-presidente só tinha interesse em aperfeiçoar o sistema de votação. A desconfiança plantada sobre o TSE foi usada como pretexto em documentos que determinavam uma intervenção militar e a anulação da eleição para favorecer Bolsonaro.

O hacker Walter Delgatti em depoimento na CPMI do 8 de janeiro, e o ex-presidente Jair Bolsonaro durante coletiva de imprensa - Gabriela Biló e Eduardo Anizelli/Folhapress

Coube a um personagem improvável apresentar outros fios que fariam parte dessa teia. Walter Delgatti pode até ser um nome pouco confiável, mas entrou na casa de Bolsonaro a convite do então presidente. A simples existência de uma negociação entre os dois no ano eleitoral, confirmada por ambos, reforça a existência de um complô.

Já se sabia que Delgatti havia se encontrado com Bolsonaro no Palácio da Alvorada no ano passado. Segundo o hacker, o então presidente queria saber se ele conseguiria invadir as urnas eletrônicas. Agora, ele afirma que Bolsonaro também falava em grampear ilegalmente Alexandre de Moraes e que sua campanha planejava forjar uma urna fraudulenta.

Os relatos aprofundam os indícios de que o grupo do ex-presidente recorreu a atividades criminosas para alimentar os ânimos golpistas. Delgatti diz ter provas de suas declarações, e a PF vai atrás dessas histórias. O avanço das investigações faz com que a responsabilização do ex-presidente seja uma questão de tempo.

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