Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Descrição de chapéu Congresso Nacional

Lula conta os centavos para um ajuste de rota em 2024

Presidente blinda despesas, fala em ampliar inaugurações e reconhece algum marasmo no primeiro ano

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Faltam dois meses para o fim do ano, mas Lula está inquieto com 2024. A tentativa de afrouxar a meta fiscal e blindar os gastos do governo aponta para o que o petista trata como um ajuste de rota. "No ano que vem, se preparem, porque eu vou viajar para cada estado. Eu quero inaugurar muitas escolas, muitas universidades", afirmou o presidente.

Em 30 minutos de entrevista ao canal do governo, nesta terça (31), Lula falou três vezes em promessas para o próximo ano. Nas três vezes, misturou um balanço positivo de 2023 com um sutil reconhecimento de frustrações do eleitor. "Obviamente, quando você planta um pé de fruta, não vai dar fruta no mesmo ano", disse. "Às vezes, demora um pouco."

Dentro do governo, a avaliação é que a agenda internacional de Lula e a recuperação de programas antigos, como o Bolsa Família, permitiram uma decolagem suave de seu terceiro mandato. Ao mesmo tempo, essas escolhas submeteram o presidente a um teto de popularidade neste primeiro ano, a partir de uma certa percepção de marasmo.

O presidente Lula (PT) se reúne com líderes da base aliada no Palácio do Planalto - Gabriela Biló/Folhapress

Lula quer cada centavo disponível para tentar mudar o quadro. O plano é multiplicar palanques para a inauguração de obras públicas em 2024. Ele deixou esse objetivo claro quando admitiu um déficit nas contas para evitar cortes em investimentos e quando avisou a parlamentares que não congelará gastos, principalmente no PAC e em programas sociais.

A reunião do presidente com líderes da base aliada, nesta terça, serviu para firmar um pacto nessa direção. Lula cobrou apoio a medidas que aumentem a arrecadação, mas sinalizou que manterá os gastos previstos para o ano que vem, mesmo que elas não sejam aprovadas.

Como o centrão tem acesso privilegiado aos cofres do governo, não é difícil apontar o lado para o qual essa balança vai pender. Ao preservar despesas, os partidos protegem também o dinheiro que vai para suas bases eleitorais na forma de emendas e pelo orçamento dos ministérios que comanda. Lula pode rachar a conta do déficit com o centrão.

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