Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Dobradinha Bolsonaro-Braga Netto é a arma fumegante do golpe

Apesar de silêncio da dupla em depoimento, PF tem fartura de provas sobre tabelinha golpista

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Jair Bolsonaro não queria só um companheiro de chapa quando escolheu Braga Netto na campanha à reeleição. "O vice é aquela pessoa que está ao seu lado nos momentos difíceis", disse o presidente, em julho de 2022. "O vice não pode ser aquela pessoa que conspira contra você."

Àquela altura, a virada de mesa era o plano A de um grupo político que tinha pesadelos com uma derrota. Com influência no topo das Forças Armadas, desenvoltura autoritária e interesse direto no golpismo, Braga Netto seria peça central de uma conspiração a favor de Bolsonaro.

A dobradinha entre o capitão e o general é a arma fumegante da tentativa de golpe. Os dois foram escalados como protagonistas na sessão de depoimentos à PF nesta quinta (22). Apesar do silêncio da dupla, os agentes já reuniram fartas evidências dessa tabelinha.

As investigações sugerem que Braga Netto dava incentivos aos planos de Bolsonaro e atuava como o operador das diversas engrenagens de um dispositivo que, por mais de um ano, preparou aquela trama.

Como Ministro da Defesa, o general inaugurou a participação dos militares na comissão do TSE que deveria fiscalizar a eleição, pilar da trapaça que tinha o objetivo de corroer a credibilidade das urnas. Depois, já fora do cargo, ele se sentou ao lado de Bolsonaro na reunião em que o presidente discutiu a fabricação de pretextos para anular a votação.

Braga Netto também se dedicou a estimular, dentro e fora da caserna, a agitação desejada para deflagrar o golpe. Disseminou elogios a militares que aderiram à conspiração, como o comandante da Marinha, e coordenou um movimento de intimidação dos chefes que ficaram em silêncio. Enquanto isso, encorajava a manutenção de acampamentos em frente aos quartéis com declarações como "não percam a fé".

O próprio general era um crente fervoroso. A quatro dias de Bolsonaro perder o cargo, Braga Netto trocava mensagens com aliados para especular sobre a distribuição de cargos. "Se continuarmos", escreveu.

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