Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Convocação para protesto é teste de fidelidade de Bolsonaro

Ex-presidente quer convencer eleitores e aliados de que há mais em jogo do que apenas a possível prisão de seu líder

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Brasília

Jair Bolsonaro não pediu que ninguém fosse às ruas quando o TSE declarou sua inelegibilidade. Como não havia eleição no dia seguinte, a turma do ex-presidente preferiu não cutucar o tribunal. Algumas batidas da PF parecem ter mudado o cálculo.

A ideia de organizar uma manifestação no dia 25 indica que Bolsonaro se vê diante de uma ameaça mais próxima. A enxurrada de provas sobre os preparativos de um golpe levaram o ex-presidente a convocar um agrupamento de emergência para reagir às investigações ou ao menos amortecer seu impacto político.

Uma especialidade de Bolsonaro é causar tumulto na arquibancada quando está perdendo o jogo. Foi assim que ele tentou pressionar o Congresso no início do governo, peitar o STF durante a pandemia e agitar apoiadores para contestar uma derrota que se desenhava nas urnas.

Agora, o objetivo é acordar uma base de eleitores que perdeu coesão após a saída do poder e convencer esses grupos de que é preciso brigar não apenas contra a eventual prisão de seu líder, mas pela sobrevivência de um projeto político.

A lógica é vulgar. Com alguns quarteirões ocupados por apoiadores, Bolsonaro lembraria ao STF que a condenação de um político popular tem um custo. Seria uma tentativa de intimidar o tribunal com o prenúncio de alguma perturbação.

O ex-presidente aproveita para fazer um teste de fidelidade de aliados que se beneficiaram de sua popularidade e, depois, tomaram distância. Com a chamada pública, ele espera a adesão de congressistas e governadores que poderiam integrar um movimento de pressão institucional.

Hoje, a capacidade de mobilização do bolsonarismo é incerta —o último grande ato, afinal, ocorreu em 8 de janeiro de 2023. Ainda assim, o ex-presidente pode fazer barulho com eleitores fiéis e o patrocínio de grandes corporações evangélicas. Será pouco para evitar um acerto de contas com a Justiça, mas será melhor enfrentar o desfecho dessa ação como um líder popular do que como um político em desgraça.

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