Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Lira usa clima de rebelião para controlar sucessão na Câmara

Em busca de rendição de Lula, centrão faz pressão que corrompe a lógica política

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Um presidente da Câmara tem muito poder, mas só incomoda de verdade quando consegue instalar um clima de rebelião capaz de contaminar o restante do plenário.

Arthur Lira ameaçou apertar esse botão em seu discurso na segunda-feira (5). O chefe exibiu aos colegas armas de uso coletivo, pôs um preço em projetos aprovados no ano passado e mostrou que não desistirá de aportes adicionais ao generoso fundo que abastece integrantes da Casa.

Como presidente do sindicato mais rico do país, Lira entregou benefícios saborosos aos filiados. Partilhando verba entre os parlamentares, ele rachou bancadas, puxou para sua zona de influência integrantes de partidos diversos e comprou a lealdade de deputados que passaram a votar de maneira coordenada —contra ou a favor dos interesses do governo, a depender da hora.

O tiro de Lira foi disparado em direção ao Planalto, mas o objetivo era inflar a insatisfação interna de uma corporação que tem o apetite em expansão. Ele convocou o plenário a permanecer em estado de alerta contra o que chamou de acordos descumpridos e inaugurou uma falsa concorrência entre Congresso e Planalto pelo poder de determinar como o Orçamento deve ser gasto.

Se o governo prometeu a Lira algo que não vai entregar, este é um problema que Lula e seus auxiliares poderiam resolver à luz do dia. Mas o centrão parece mais interessado em obter a rendição do Planalto em condições enevoadas e em termos que corrompem a lógica política.

Lira tenta tirar proveito individual da pressão que deputados podem exercer sobre o governo. Ao insistir na ideia de que o Congresso é uma arena de distribuição de vantagens políticas, ele busca manter a coesão do plenário e, com isso, obter controle absoluto sobre sua sucessão como presidente da Câmara, em 2025.

Lula deu sinais de que vai resistir. Ainda que não admita ir à guerra, o Planalto se recusa a oferecer apoio antecipado ao candidato de Lira ou terceirizar ao deputado o controle da agenda política, como fez Bolsonaro.

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