Desde que entrou em domínio público, no início deste ano, a obra de Monteiro Lobato abarrota livrarias de todo o país com versões da Turma da Mônica, pirações futuristas e tudo o mais que o mercado editorial conseguir imaginar. Mas uma obra do autor parece condenada ao esquecimento: “Negrinha”, que completa cem anos em 2020.
O livro é uma coletânea de contos que traz, entre os textos, a história do título. Mas, mesmo com a efeméride, não há previsão de ele ser reeditado pelas principais editoras que têm relançado a obra de Lobato. O motivo? O conto “Negrinha” foi chamado de racista por trechos como “mulatinha escura, de cabelos ruços e olhos assustados” ou “era uma negrinha, magricela, um frangalho de nada”.
Nomes como Companhia das Letras, FTD, Autêntica e Globo afirmam não ter previsão de lançar “Negrinha” —esta última, quando tinha a exclusividade dos direitos da obra de Lobato, chegou a inserir a história em “Contos Completos” (2014) e lançou "Negrinha" em 2007.
Uma das únicas editoras a encarar a empreitada foi a Principis, que lançou o livro no início deste ano.
"Uma reflexão sobre o nosso passado escravocrata é importante para que possamos corrigir erros, e aqui entra a importância de livros como 'Negrinha e Outros Contos'", diz Andressa Lira, editora-assistente do selo Principis, que pertence à Ciranda Cultural. "Uma das funções da literatura clássica é nos dar o contexto histórico em que a obra está inserida e, de certa forma, entender como eram as relações sociais de determinado período, por isso a importância de mantê-lo no catálogo", completa.
Pelo que tudo indica, será um centenário magricela para “Negrinha”.
NORDESTE A partir de uma viagem a Bodocó, no interior de Pernambuco, Fabrício Corsaletti lança “Roendo Unha” pela editora Pedra Papel Tesoura. O livro tem capa desenhada pelo próprio autor e é feito de um único poema longo dividido em 40 partes.
MAIS NORDESTE Na Paraíba, nasceu na semana passada a editora Enclave. Com dois títulos até o momento, “Zumbis” e “Tráfico de Violência”, a casa tem como proposta fazer edições artesanais, com preço de R$ 20 por exemplar, sobretudo de autores nordestinos. “A quantidade de editoras ainda é muito maior no eixo Rio-São Paulo”, diz Bruno Ribeiro, um dos fundadores.
VIOLÊNCIA João Batista de Andrade publica em dezembro o romance “O Manuscrito do Jovem Gabriel”. O livro, que sai pela Reformatório, é uma continuação de “Um Olé em Deus” (1997). Na história, um ex-militar assassino e já morto ressurge como ídolo entre pessoas que têm sede de justiça. Andrade é diretor do filme “O Homem que Virou Suco” e já foi ministro interino da Cultura e secretário estadual de Cultura de São Paulo.
DE NOVO Livrarias e entidades do livro preparam pelo segundo ano seguido a campanha #vempralivraria para incentivar compras neste fim de ano. O cronograma de lançamento ainda está sendo definido.
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