Casos do Acaso

Série em parceria entre a Folha e a Conspiração Filmes. Narrativas enviadas pelos leitores poderão se transformar em episódios audiovisuais criados pela produtora. Veja como participar no fim do texto

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Casos do Acaso

Nos cruzamos em Bali e na Tailândia, mas só nos conhecemos na porta do trabalho

Depois de comemorar uma Copa e passar um Réveillon no mesmo lugar, parecia que ele estava me esperando

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Carolina Pinheiro

Publicitária, mora em São Paulo

Ainda bem que é o acaso que cuida da minha vida, porque se fosse eu, estaria perdida. Já conheci muitos amores em situações que jamais esperaria. Um, dividindo a raia da piscina. Outro, pegando carona de buggy no meio de uma praia deserta. Desde fila do cartório até avião (se bem que esse não era muito difícil, tenho tanto medo de voar que tagarelo com qualquer um ao meu lado).

Agora, agradeço de verdade ao acaso pelo amor que eu não conheci. Pelo menos, não até a hora certa. O Fernando, nascido na Espanha, e eu, no Brasil, não nos conhecemos muitas vezes. Eu e ele estivemos nos mesmo bar comemorando a vitória da Espanha na Copa do Mundo de 2010.

Eu sou a pessoa mais responsável do mundo com datas e nunca perco um voo, mas nesse dia perdi. Acordei com a camareira batendo na porta do quarto onde estava com a minha melhor amiga dizendo: "Check-out señoras, check-out!". Coração na boca. Eu e ela nos confundimos —achamos que o nosso voo era só no dia seguinte. Corremos para o aeroporto e nos colocaram no voo mais tarde do dia.

Aterrissamos e o a final da Copa já tinha começado. Sem tempo e esbaforidas, pegamos o ônibus do aeroporto e paramos no bar mais próximo à primeira parada. Ele estava ali. Gritando gol junto comigo e escapando dos baldes de água que os vizinhos jogavam nas ruas. Mas, por sabedoria do destino, não nos conhecemos.

Seis anos depois, em vez de gol, gritávamos "feliz ano novo", ao mesmo tempo, da mesma festa em Koh Phi Phi, na Tailândia.

No ano seguinte, fomos ao mesmo restaurante em Bali, o Aya. Eu para almoçar, e ele para jantar.

Finalmente, eu me mudei a trabalho para Barcelona. Em 1º de abril de 2018, comecei a trabalhar em uma agência de publicidade. Ele tinha trabalhado na mesma agência, mas, nessa época, já tinha pedido demissão para viajar.

Exatamente um ano depois, em 1º de abril de 2019, ele voltou a trabalhar lá. Mas —por acaso— eu não estava lá. Tinha vindo passar férias no Brasil.

Ia ser madrinha de casamento ao lado de um ex-namorado com quem tinha uma história sem fim. Os dois seriam padrinhos porque era a minha melhor amiga que se casava com o melhor amigo dele —obra do destino (e nossa também).

Parece que era o que eu precisava que acontecesse antes que a vida me apresentasse o Fernando oficialmente. Esse casamento foi o momento em que finalmente me despedi do passado. Peguei o avião de volta para Barcelona finalmente livre.

Tão livre que, quando voltei trabalhar, ele estava bem na porta. Parecia que estava me esperando. A porta se abriu, e entramos juntos nessa história que segue até hoje.

Dois anos depois, embarcamos os dois juntos para vir morar no Brasil. No dia 1º de abril. Parece mentira.

​Para participar da série Casos do Acaso, o leitor deve enviar seu relato para o email casosdoacaso@grupofolha.com.br. Os textos devem ter, no máximo, 5.000 caracteres com espaços e precisam ser inéditos, não podem ter sido publicados em site, blog ou redes sociais. As histórias têm que ser reais e o autor não deve utilizar pseudônimo ou criar fatos ou personagens fictícios.

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