Claudio Bernardes

Engenheiro civil e vice-presidente do Secovi-SP, A Casa do Mercado Imobiliário

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Sem justiça e inclusão sociais, as cidades não prosperarão

Questão deve ser tratada como prioridade no país

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A urbanização tem sido uma das forças motrizes mais significativas do recente desenvolvimento global. Mais da metade da população mundial vive nas cidades e essa proporção continuará aumentando rapidamente, atingindo 75% até 2050.

Para ter certeza que no futuro as cidades oferecerão oportunidades para todos, é essencial compreender a relação entre o conceito de inclusão e os fatores espaciais, sociais e econômicos que direcionam o desenvolvimento urbano.

Segundo relatório do Banco Mundial, quando conduzido adequadamente, esse processo pode criar oportunidades para uma vida melhor e fomentar o crescimento econômico, que é o caminho para fortalecer o processo de eliminação da pobreza. De fato, o desenvolvimento de um país está centrado nas cidades, pois são elas que representam, atualmente, quase 80% do Produto Interno Bruto gerado mundialmente.

Contudo, mesmo que a urbanização seja um fator importante e capaz de levar adiante a economia global, o aumento da desigualdade e da exclusão social dentro das cidades pode inviabilizar o desenvolvimento.

A exclusão social manifesta-se em toda parte e de várias formas: nas condições irregulares de muitos imigrantes; no tratamento desigual e discriminatório em relação às mulheres, à orientação sexual das pessoas e a grupos étnicos minoritários; na ausência de políticas de igualdade de oportunidades para o grande número de jovens em situação de risco social; nos cuidados e na assistência insuficientes para crianças e idosos; nos espaços públicos e serviços inadequados para pessoas com deficiência e na ausência de acesso ao transporte público, à saúde e à educação, especialmente para pessoas desfavorecidas nos aspectos socioeconômicos.

Portanto, do ponto de vista dos critérios de concepção e gestão, as políticas de inclusão devem garantir o acesso universal aos serviços básicos e salvaguardar os direitos dos cidadãos, que precisam ser direcionados para uma transformação na sua realidade social de acordo com os valores ditados pela igualdade, pela solidariedade e pelo respeito às diferenças. Essa aparente óbvia conclusão, infelizmente, está bastante longe de ser compreendida e implementada pelos governantes em muitos países, principalmente no Brasil.

Uma cidade inclusiva é muito mais que uma cidade próspera. Contudo, sem justiça social e inclusão social, as cidades não se desenvolverão. Uma cidade inclusiva é uma pacífica, uma cidade onde imperam a lei e a ordem. Um lugar onde as pessoas se sentem seguras, sabem que serão ouvidas e que suas necessidades se refletirão nas políticas públicas implementadas na cidade.

Embora esteja claro que o ideal é uma abordagem multidimensional e integrada, nem sempre é possível executar operações que visem todos os aspectos da inclusão de uma só vez. Em alguns casos, as intervenções precisam ser sequenciadas, ampliadas ou reduzidas com base no contexto, nas prioridades e necessidades específicas.

As comunidades locais têm as melhores condições para priorizar suas próprias necessidades. A participação da sociedade no planejamento, na implementação e na sustentação das intervenções urbanas que objetivem igualdade e inclusão social deve ser encarada como um fator-chave para o sucesso.

Apesar do amplo reconhecimento de sua importância, construir cidades inclusivas continua sendo um desafio. Hoje, segundo relatório do Banco Mundial, 1 em cada 3 residentes urbanos no mundo em desenvolvimento ainda vive em favelas e com serviços inadequados.

Essa questão relevante mundialmente não pode ser relegada a um segundo plano no Brasil. É o momento para uma guinada em nosso país, não para a esquerda ou para a direita, mas para a priorização do bem-estar dos brasileiros, gerando riquezas e conscientizando todos sobre a importância da equidade social em cidades inclusivas.

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