Sustentabilidade tem sido palavra de ordem para a humanidade na última década, principalmente nas áreas urbanas, onde, em um futuro próximo, a grande maioria da população se concentrará. Essa concentração demográfica tende a causar severos impactos ambientais, desafiar a economia urbana a produzir mais empregos e regular adequadamente sua dinâmica, a fim de prover à população serviços de qualidade e promover a inclusão social.
Assim sendo, como preparar as cidades para essa inevitável transição na busca por um padrão de desenvolvimento sustentável, principalmente considerando sua diversidade intrínseca, as múltiplas formas de organização, as diferentes dinâmicas espaciais e os distintos modelos de infraestrutura social e tecnológica?
Em 2010, 14 países europeus uniram-se à Joint Programme Iniciative - JPI Urban Europe, uma organização voltada a enfrentar os desafios urbanos globais e desenvolver um centro europeu de investigação e inovação em questões urbanas. A transição das cidades para um modelo sustentável tem sido também uma de suas preocupações.
A JPI Urban Europe identificou que essa transição somente poderá acontecer por meio de um processo abrangente, com amplo envolvimento de atores urbanos, pesquisadores e formuladores de políticas preocupados com os principais temas relacionados à construção desse processo.
Um dos mais importantes aspectos apontados envolve a forma como as cidades podem explorar o potencial da digitalização no planejamento e na governança urbana, evitando riscos de novas desigualdades e estruturando modelos que envolvam diferentes formas de geração de empregos e de cadeias de valor.
A construção de resiliência e robustez urbana pode preparar as cidades para eventos inesperados e não lineares e, ao mesmo tempo, garantir qualidade de vida aos seus habitantes, reduzindo o consumo de energia e as emissões de carbono na atmosfera.
Respostas devem ser encontradas para a inexorável demanda por adensamento e produção de infraestrutura sob uma ambiência de restrição de recursos e limitação financeira.
Outro desafio é o provisionamento pelas cidades de espaços públicos multifuncionais que atendam aos propósitos de todos os grupos sociais, mantidas as preocupações com segurança e a necessidade de densificação.
A otimização da dinâmica energética nos sistemas urbanos é aspecto de extrema relevância nesse processo de transição. Dessa forma, é importante perceber a relação entre produção, consumo de energia e modelos de gestão de resíduos. A correta compreensão do metabolismo urbano, em cada situação específica, fornecerá elementos para uma sólida concepção da transição na área energética.
Os sistemas de abastecimento de água devem buscar os mais elevados níveis de eficiência, considerando que esse recurso natural é limitado e que a demanda nos níveis atuais é, sem dúvida, compreensível. Existe, portanto, espaço para redução do consumo, da demanda e da perda na distribuição.
Finalmente, as inovações sociais definidas como novas ideias que atendem às necessidades da sociedade e criam novas formas de colaboração podem contribuir fortemente para o desenvolvimento da economia compartilhada e os modelos de vida sustentáveis ancorados em baixas emissões de carbono, que serão fundamentais nesse processo em médio e longo prazos.
Equacionar a transição para áreas urbanas sustentáveis, em toda sua complexidade, envolve, portanto, compreender como podemos equilibrar vitalidade econômica com acessibilidade social, dentro de limites ambientais cuidadosamente definidos e mensuráveis.
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