Claudio Bernardes

Engenheiro civil e vice-presidente do Secovi-SP, A Casa do Mercado Imobiliário

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Micromobilidade, alternativa sustentável em tempos de pandemias

A Covid-19 pressionou a adoção de ações para apoiar o uso de veículos leves, sem motor a combustão e de baixa velocidade

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Esta era de pandemias coloca a mobilidade como foco de um dos mais importantes desafios sociais. A reflexão sobre as prioridades que definem a vida urbana está em curso, e a micromobilidade pode ser fundamental para a inevitável reformulação do modelo de deslocamentos na cidade. Para desempenhar um papel tão importante nesse processo, novas soluções e tecnologias, que envolvam a cadeia de produção voltada à micromobilidade, deverão ser idealizadas e implantadas.

Mas o que se entende por micromobilidade? É o uso de uma variedade de veículos pequenos e leves, sem motor a combustão, que operam com velocidades normalmente abaixo de 25 km/h, e são dirigidos pessoalmente pelos usuários. Os dispositivos de micromobilidade incluem bicicletas, e-bikes, scooters elétricos e skates elétricos.

Segundo recente relatório publicado pela EIT InnoEnergy, existem obstáculos para a adoção da micromobilidade, como limitações na adequação dos atuais tipos de veículos para determinadas tarefas de transporte, curta vida útil e falta de integração eficiente com outros modais. Como decorrência, a micromobilidade hoje é responsável por menos de 0,1% de todas as viagens dentro das cidades europeias.

Para superar esses obstáculos, a EIT InnoEnergy recomenda a “reinicialização da micromobilidade” e a abordagem sistêmica e sustentável de múltiplas partes interessadas. Isso inclui a mudança para componentes de maior qualidade e o aprimoramento na manutenção —especialmente para motores e baterias—, tornando-a mais fácil. Importante ainda é o foco no desenvolvimento e na utilização de veículos sob medida, aproveitando plataformas analíticas para realocação e carregamento, bem como a implementação de regulamentos mais favoráveis para frotas de micromobilidade.

O relatório estima que pode haver o aumento de aproximadamente 111 bilhões de euros no PIB europeu como resultado de quase um bilhão de horas de trabalho poupadas por ano, em virtude da diminuição dos congestionamentos, proporcionada pelo avanço da micromobilidade.

Contudo, para que ela atinja todo o seu potencial como parte importante na transição para um tráfego urbano sustentável, e integre de forma significativa o ecossistema de mobilidade, será necessária regulamentação mais favorável, que inclua legislação local sobre desafios importantes, como estacionamento e operação dos veículos, e abranja questões relativas à produção e ao descarte de baterias.

A União Europeia já se comprometeu a alcançar a neutralidade de carbono até 2050, bem como reduzir as emissões de gases de efeito estufa em pelo menos 55% até 2030. Isso sinaliza o desejo de se mover em direção à sustentabilidade, com ações coordenadas sendo tomadas. Além dessas iniciativas, a Covid-19 pressionou as cidades a adotarem ações para apoiar a micromobilidade, na medida que a pandemia mudou sensivelmente os modelos de deslocamento, tornando-os mais locais.

Dessa forma, um princípio importante para permitir a maior adoção de opções de micromobilidade é a transição adequadamente guiada. Isso significa que a tomada de decisões deve ser menos fragmentada, considerando tanto o usuário final quanto as necessidades da cidade, e permitindo soluções que possam atingir mais rapidamente as desejáveis economias de escala.

A visão holística desse processo de inclusão da micromobilidade no ecossistema de deslocamentos, levando em consideração todos os aspectos relevantes, poderá garantir a importante diminuição de tempo gasto em congestionamentos, em deslocamentos, com redução das emissões de gases de efeito estufa, tornando as cidades mais sustentáveis e mais bem preparadas para enfrentar novas ondas pandêmicas.

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