Claudio Bernardes

Engenheiro civil e vice-presidente do Secovi-SP, A Casa do Mercado Imobiliário

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Descrição de chapéu Mobilidade

Competências dos planejadores urbanos do futuro

Expansão global do solo urbano pode ter impactos significativos na qualidade de vida das pessoas

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Atualmente, mais de 50% da população global vive em cidades, um número que deverá aumentar para mais de 70% em 2050. A expansão global do solo urbano pode ter impactos significativos no meio ambiente, na saúde e na qualidade de vida das pessoas.

O urbanismo tem uma relação direta com o que acontece dentro das cidades, sua forma e sua função. Pensar as cidades envolve, portanto, entre outras, competências associadas a projetos de desenvolvimento espacial e social e sua relação com gestão de estruturas urbanas e comunidades envolvidas.

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Ocupação Capadócia, na zona norte de São Paulo (SP) - Lalo de Almeida -25.abr.21/Folhapress

A natureza do planejamento como profissão compreende a promoção do bem-estar geral no interesse público, visa objetivos econômicos e sociais e deve considerar não apenas os interesses da geração atual, mas também o bem-estar das gerações futuras.

Planejamento urbano não é sinônimo de fazer política, mas está profundamente vinculado à correta estruturação de uma visão racional e socialmente equilibrada das cidades, como forma de contribuir para a tomada de decisões políticas. Envolve, ainda, extrema sensibilidade na relação entre o desenvolvimento do tecido urbano e as políticas públicas mais adequadas.

O planejamento urbano deve, cada vez mais, estar fortemente conectado ao desenho da cidade, ou seja, incluir o projeto dos espaços no contexto urbano, com sua respectiva vinculação aos conceitos de planejamento.

Os planejadores urbanos devem reconhecer a ligação entre o desenvolvimento da cidade e a criação de empregos, oportunidades de subsistência e melhoria da qualidade de vida. Isso implica no uso e gozo das cidades de forma igualitária por todos, e a produção de ambientes seguros, saudáveis, acessíveis, resilientes e sustentáveis. As habilidades de comunicação deverão ser tão ou mais valorizadas que as habilidades técnicas dos planejadores do futuro.

Para investigar o que um planejador urbano do futuro pode enfrentar e como se preparar para essas mudanças, pesquisadores holandeses fizeram uma série de entrevistas com líderes que atuam em diversos setores. Entre os entrevistados, pessoas do governo, políticos, empresários da construção civil, empresas de planejamento, academia e ONGs.

Os resultados da pesquisa indicam que os tópicos considerados principais e mais urgentes podem ser classificados em cinco categorias. Em primeiro lugar, espera-se que a perda de biodiversidade e as emergências climáticas dominem desafios para os profissionais urbanos. Isso tem impactos profundos sobre o papel dos projetos baseados na natureza, na adaptação do uso da terra aos impactos climáticos e nos ajustes no sistema de saneamento.

Em segundo lugar, a polarização da sociedade é observada como um problema crescente, resultando em desconfiança e medo entre os cidadãos que, por sua vez, mostram maior oposição aos planos e às opiniões contrastantes. Isso é exacerbado pela maneira como as mídias sociais têm influenciado nas tomadas de decisão.

Um terceiro grupo de tópicos é encontrado em torno da circularidade, incluindo reutilização e reciclagem de materiais; uso de materiais pré-fabricados e de madeira; a transição energética e a redução nas emissões de carbono; e o uso inteligente dos recursos.

Outra observação fundamental foi feita em relação aos mecanismos econômicos. Se a transformação dos ambientes urbanos é desejada, e até considerada necessária para a sobrevivência humana, o desenvolvimento econômico não pode deixar de ser considerado para apoiar essa transformação.

A quinta categoria de urgências está relacionada à urbanização, à pressão sobre o uso do solo urbano e à crescente demanda habitacional, que são traduzidos em centros urbanos de maior densidade.

Em suma, há uma necessidade bem compreendida de trazer a natureza como força motriz no desenvolvimento, e a visão da natureza como parte inseparável do ambiente urbano. Assim como são indissociáveis do planejamento a visão do desenvolvimento econômico e os conceitos de inclusão social.

Isso significa que há a necessidade de uma renovada postura dos planejadores urbanos do futuro, de quem se espera uma abordagem generalista nos diagnósticos, mas focada nas soluções, com capacidade de inovar e desenvolver modelos inspiradores que possam obter o apoio da sociedade civil e da classe política, ao trazer para os dias de hoje essa visão de futuro.

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