Colo de Mãe

Cristiane Gercina é mãe de Luiza e Laura. Apaixonada pelas filhas e por literatura, é jornalista de economia na Folha

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Descrição de chapéu Todas Família maternidade

Mãe no poder muda olhar sobre nascimento e criação de filhos

Documentário 'Todos Nascemos' conta como lei aprovada por iniciativa da primeira-dama de El Salvador mudou o direito ao parto humanizado

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São Paulo

Representatividade importa muito e importa sempre. Embora a frase repetida à exaustação pareça batida, é preciso que exemplos práticos nos mostrem o quanto é importante que mulheres, especialmente mães, ocupem espaços de poder e tenham, de fato, sua voz ouvida, para alterar a forma como a sociedade enxerga a maternidade, o nascimento e a criação de filhos.

É isso que mostra o documentário "Todos Nascemos", do diretor e roteirista Eduardo Chauvet, o mesmo de "O Renascimento do Parto". O filme retrata os resultados da Lei Nascer com Carinho, aprovada em 2021 em El Salvador, que mudou a história do parto humanizado no país, diminuindo em 50% a mortalidade materna.

A lei é uma iniciativa da primeira-dama Gabriela Rodríguez de Bukele, psicóloga e educadora perinatal que é uma ativista do parto humanizado, amamentação e criação com apego. Mãe de duas crianças, Gabriela foi a responsável por mudar não só o olhar do país para com as mães, mas todo um sistema de saúde que tinha entre suas vítimas mulheres grávidas e recém-paridas.

Bebê branco recém-nascido com cabelos pretos e olhos pretos olha para sua mãe
Cena do documentário "Todos Nascemos", que conta a história da Lei Nacer com Cariño, de El Salvador - Reprodução

O documentário emociona ao mesmo tempo que revolta. Cenas chocantes de salas antigas de parto mais parecem locais de tortura em que as mulheres estiveram vulneráveis em um dos momentos mais importantes de sua vida, e no qual estão mais frágeis.

E o que mais incomoda é que o retrato de um pequeno país da América Latina é uma mostra do que as mulheres viviam e ainda vivem em algumas localidades. Parto humanizado, respeito à mãe e ao recém-nascido e criação com apego são novidades dos anos 2000 que ainda não entraram na agenda de prioridades de muitos países.

A mudança em El Salvador envolveu muito treinamento e ação contra a indústria do parto forçado, muitas vezes por cesárea, e não humanizado, e traz luz à questão de como o nascer não só com carinho, mas com tranquilidade, é essencial para garantir qualidade de vida ao bebê e sua família, especialmente em regiões menos abastadas.

No Brasil, a humanização do parto veio à pauta com força em 2000, quando passou a valer o Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento, instituído pelo Ministério da Saúde por meio da portaria 569, de 1º de junho de 2000. Em 2013, no entanto, os recursos se tornaram escassos e seguiram à míngua até 2022.

Nascer com carinho, com respeito e com dignidade é o mínimo. E avançar em pautas que tratem de nossas necessidades como mulheres é essencial. Para isso, precisamos apostar em vozes fortes, aliadas e que nos representem nos diversos espaços necessários para a tomada de decisões no país, no Executivo, no Judiciário e, principalmente, no Legislativo.

O documentário "Todos Nascemos" foi lançado no Brasil no final de novembro e está rodando a América Latina em seu lançamento internacional. Em 2024, deve estar nas salas de cinema do país. É uma fonte de conhecimento com uma poesia necessária para enxergarmos com olhos de recém-nascido o momento em que a gente passa a viver, de fato, fora do útero da mãe.

Como parte da iniciativa Todas, a Folha presenteia mulheres com dois meses de assinatura digital grátis

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