Daniel Furlan

Ator, comediante e roteirista, é um dos criadores da TV Quase, que exibe na internet o programa "Choque de Cultura".

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Daniel Furlan

Humanos fantásticos - Parte 5

Fugimos ao sermos bombardeados por artesanato e ameaças de roda de violão

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Vagamos pela região periférica da aldeia hippie de volta para casa. Durante o dia o sol era escaldante a ponto de quase não se poder andar e à noite tudo ficava escuro a ponto de quase não se poder andar.

Foi quando nos deparamos com um sujeito chamado Márcio Lobo, que revelou estar na casa do artista plástico Luís, de onde fugimos ao sermos bombardeados por artesanato e ameaças de roda de violão.

Segundo Márcio, Luís tem “um trabalho muito importante, que está fazendo história”. 

Márcio confessou também querer fazer história e citou Raul Seixas de forma desconexa enquanto pôs-se a pedir cigarros aos que passavam, sendo ignorado quase sempre, o que o fez reclamar das grandes corporações que impõem a química e o vício às pessoas, levando à desunião —se referindo especificamente a um vendedor que se recusou a vender fiado.

Hipnotizados por essa última esperança hippie, caminhamos juntos. Ele demonstrou preocupação com a indústria que se apropria do seu trabalho artístico com cascas de fruta e sementes, cedendo suas ideias à moda, games, construção civil e cinema, impedindo-o de conquistar sua independência financeira.

Em seguida, nos demonstrou a produção de uma de suas instalações ao colar cascas de banana meticulosamente num tronco, nos alertando para a evolução da obra, efêmera e em constante transformação (mais tarde pudemos comprovar essa afirmação ao retornar ao local e encontrar as cascas de banana apodrecidas caindo do tronco). 

Márcio não pôde nos passar seus contatos, primeiro porque em nenhum momento pedimos, segundo por estarem corrompidos, já que indústrias têm acesso à sua conta e usam as informações para sabotar sua vida.

Enquanto tentávamos ir embora, ele insistiu em falar sobre a conspiração das indústrias que se apropriam do seu trabalho, que será transformador para a sociedade. Depois nos mostrou suas músicas que “aquecem informalmente a indústria musical brasileira”, sendo usadas indevidamente por Skank, Titãs, Cássia Eller etc.

Inclusive a ideia da reunião da Legião Urbana foi dele, roubada por Wagner Moura. Por fim, perguntou se queríamos fumar maconha, e quando dissemos não estar interessados, ele revelou, desapontado, que estava querendo achar alguém que tivesse.

Colaborou Cynthia Bonacossa

Ilustra Daniel Furlan 29/04
Cynthia Bonacossa

 

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.