Depois de uma crise se instalar no horizonte e ainda sob risco de agravamento com o passar do tempo, o COI (Comitê Olímpico Internacional) pode comemorar o início de uma nova fase em relação às futuras sedes dos Jogos Olímpicos, tanto os de Verão como os de Inverno.
O crescimento dos Jogos nas últimas décadas tornou insuportável os custos dos eventos, que vinham afugentando cidades interessadas em se candidatar para sede. A Agenda 2020, com 40 recomendações do COI, colhe os primeiros frutos no combate ao temor de possíveis dificuldades econômicas interromperem projetos olímpicos de candidaturas. A cartilha foi criada com o objetivo de reduzir custos, simplificar procedimentos e fornecer mais assistência às cidades que encaram o desafio.
As novas regras passam a ser aproveitadas em sua totalidade, mas anteciparam brechas para novos caminhos na organização de Tóquio-2020 (Verão). A proposta chinesa para os Jogos de Inverno-2022 contemplou legado e experiência da Olimpíada-2008.
Agora, instalações já existentes podem ser adaptadas para as disputas, dispensando a construção de novas. Sem dúvida, as campanhas pelas sedes vinham sofrendo baixas por causa de exigências excessivas do COI e do gigantismo dos Jogos, cada dia mais caros.
A Rio-2016 pode ser considerada a última dos esquemas que mexiam em demasia no bolso dos organizadores. Ainda abusam, mas menos. A concorrência fraca levou a Olimpíada de Inverno-2022 para Pequim, onde a neve não é abundante o suficiente para tranquilizar os organizadores.
Entretanto, a possibilidade de fabricação de neve artificial respaldou a escolha da capital chinesa, que superou Almaty, do Casaquistão, no embate final em 2015.
Um alívio para o COI que havia se deparado com desistências de várias cidades, antes interessadas, que abdicaram da intenção após consulta aos seus habitantes.
A entidade também teve sorte na corrida pelas Olimpíadas de Verão. Duas fortes candidaturas —Paris e Los Angeles— concorriam. Deixar uma delas de fora seria um desperdício, pior ainda com a então crescente crise de interesse pelo evento.
Sem outra saída mais criativa, mudaram a regra. Um acordo definiu duas Olimpíadas consecutivas em vez de uma: Paris-2024 e Los Angeles-2028. As cidades toparam o acordo.
Agora está em andamento o processo de candidatura para os Jogos Olímpicos de Inverno de 2026, que cumpre uma fase de estudos e sondagens de possíveis interessados. Em todo o processo, o COI acena com a possibilidade de aconselhamento especializado, pesquisas e busca por informações.
Esta é a etapa de avaliação do custo e da complexidade do processo de candidatura. Também serve para estimar benefícios e riscos que um evento desse porte coloca em jogo para o organizador.
Na semana passada, o Coni (Comitê Olímpico Nacional Italiano) chamou a atenção da comunidade esportiva mundial ao enviar ao COI uma carta de intenção para receber a Olimpíada de 2026. Mostrou disposição, pois ofereceu cidades do norte do país como anfitriãs.
O Coni aguarda apenas a formação do novo governo da Itália para analisar que opção pode trazer maiores benefícios para o país e gerar menor gasto. Turim tem experiência acumulada, pois abrigou a Olimpíada de Inverno de 2006. O COI também abriu a possibilidade de uma mesma Olimpíada acontecer em mais de uma cidade ou país.
Apesar dos atrativos da nova cartilha, Innsbruck, na Áustria, rejeitou em referendo a intenção de concorrer pelos Jogos.
O COI confirma seis cidades e o grupo de localidades italianas como pré-candidatas para 2026: a austríaca Graz; a canadense Calgary; as italianas Cortina d'Ampezzo-Milan-Turin; a japonesa Sapporo; a sueca Estocolmo; a suíça Sion; e a turca Erzurum.
As candidaturas deverão se apresentar formalmente em outubro e a escolha final acontecerá apenas em setembro de 2019. Portanto, a corrida deve ter muitos desdobramentos. Como sempre, despontarão muitas promessas que nunca serão cumpridas.
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