Ao lançar o projeto Agenda 2020, em dezembro de 2014, o COI (Comitê Olímpico Internacional) priorizou a redução de custos e do prejuízo das cidades-sede dos Jogos Olímpicos. No entanto, a edição de PyeongChang, finalizada neste domingo (25), mostrou que o objetivo ainda está longe de ser alcançado.
Com US$ 13 bilhões (R$ 42,14 bilhões) gastos em infraestrutura e prejuízo de US$ 279 milhões (R$ 904,4 milhões), segundo o último balanço divulgado na véspera da cerimônia de encerramento, já há questionamentos sobre o legado do evento para a cidade sul-coreana.
“Quando assumi [em 2016], tinha a meta de não ultrapassar o teto de gastos. Após quatro orçamentos, cheguei a um balanço mais equilibrado, mas a análise das contas está em andamento”, disse Lee Hee-Beom, presidente do Comitê Organizador.
O valor é muito inferior aos US$ 50 bilhões (R$ 162 bilhões) que Sochi, na Rússia, gastou para organizar os Jogos de 2014, mas continua alto para um país que recentemente passou por escândalos políticos e registra um aumento no índice de inflação.
Assim como o Brasil, a Coreia do Sul sofreu um processo de impeachment antes dos Jogos. Park Geun-hye foi afastada da presidência em março de 2017, após sua amiga Choi Soon-sil ser presa acusada de tráfico de influência por chantagear grandes empresas locais. Moon Jae-in foi eleito o presidente do país em maio do ano passado.
Em 2017, o PIB (Produto Interno do Bruto) do país subiu 3% em relação ao ano anterior —índice similar ao dos dois anos anteriores. Mas a inflação pulou de 0,7% em 2015 para uma estimativa de 1,9% em 2017.
A discussão, agora, gira em torno dos locais das provas. O objetivo era transformar PyeongChang, um dos centros de esqui mais famosos da Coreia do Sul, num centro olímpico de inverno. Para analistas, a atual estrutura não será capaz de potencializar o turismo na região.
Não bastasse a questão dos gastos, os organizadores precisaram lidar com outros problemas que arranharam a imagem dos Jogos. O primeiro foi logo na cerimônia de abertura, quando a internet sofreu um ataque cibernético que deixou o serviço instável por dois dias em todos os locais de competição.
Ainda na primeira semana, a organização teve de lidar com um surto de norovirus, que causa diarreias, vômitos e febres. Mais de 200 pessoas foram diagnosticadas com a doença, entre membros da organização do evento e voluntários.
Apesar dos problemas, a Olimpíada entra para a história como a maior tentativa de reaproximação entre as Coreias no âmbito esportivo. Além de desfilarem juntas na abertura e no encerramento, os países competiram juntos no hóquei feminino —foi a primeira vez desde a guerra que um time unificado da Coreia disputa os Jogos.
“Vocês mostraram que o esporte consegue reunir pessoas em nosso mundo tão frágil”, disse Thomas Bach, presidente do COI.
BRASIL SEM MEDALHAS
Nos Jogos da Coreia, o Brasil não conseguiu conquistar nenhuma medalha. Apesar disso, teve a melhor colocação em alguns esportes, como no bobsled, categoria 4-man.
O trenó encerrou a disputa na 23ª posição, a melhor da história do país. No gelo veio o outro bom resultado da equipe nacional: a 24ª posição de Isadora Williams na patinação artística. Foi a primeira latino-americana a atingir esse feito.
Na neve, Jaqueline Mourão e Victor Santos, do esqui cross-country, não conseguiram as melhores marcas do país. Jaqueline disputou a sexta Olimpíada, recorde de participações mantido por só outros cinco brasileiros.
Isabel Clark, no snowboard, e Michel Macedo, no esqui alpino, sofreram com lesões nos treinos.
Michel correu em duas das quatro provas em que estava inscrito e não completou nenhuma. Isabel não conseguiu largar após sofrer uma queda forte na última atividade antes de sua descida.
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