Os responsáveis pelos Jogos Olímpicos de Tóquio estão atentos para as medidas de controle e de prevenção da epidemia do novo coronavírus e sobre as suspeitas de contaminação em vários países, alguns deles, poucos, com registro de mortes pela doença.
Por isso, no momento, a Olimpíada é sinônimo de tensão e de expectativa. Reunirá cerca de 11 mil atletas, mais comissões técnicas, equipes de apoio, dirigentes e milhares de torcedores do Japão e do exterior. O desfile de abertura dos Jogos está previsto para 24 de julho próximo.
Como estará a ameaça do novo coronavírus (covid-19) naquele período? É difícil uma projeção precisa do tempo necessário para controle da situação, embora esteja havendo intensa colaboração entre os governos em geral e a Organização Mundial da Saúde.
Há empenho na troca de informações com foco na tentativa de encontrar uma solução para o problema.
Na China continental, onde o epicentro do surto do novo coronavírus ocorreu na província de Hubei, há registro de mais de 1600 mortes pelo vírus. No Japão, uma idosa morreu, aumentando o alerta no país.
Os principais agentes dos Jogos —do comitê organizador japonês e do Comitê Olímpico Internacional— anunciaram que toda a programação está mantida, sem qualquer plano de contingência. Um posicionamento que serve para abafar dúvidas, principalmente as mais céticas.
São cerca de cinco meses até os Jogos. O pontapé da reta final, segundo o site da Tóquio-2020, está previsto para 12 de março, quando a tocha olímpica será acesa na Grécia. No dia 26, o fogo olímpico estará em Fukushima, no Japão, depois passará por dezenas de outras cidades, culminando na ignição da pira na solenidade de abertura, na capital.
Os temores causados pelo novo coronavírus levaram ao esquecimento, ao menos temporário, de outra polêmica sobre a Olimpíada deste ano: a escolha de Fukushima para o revezamento da tocha no território japonês e para jogos dos torneios de beisebol e softebol do programa olímpico.
A intenção dos organizadores ao incluir aquela região no roteiro dos Jogos foi a de superar o estigma dos riscos de radiação devido à catástrofe na usina nuclear local e o da destruição causada pelo terremoto (e tsunami), ocorridos em março de 2011. Foi o pior acidente do gênero depois de Tchernobil, na Ucrânia, em abril de 1986.
O revezamento da tocha, com certeza, provocará argumentos no debate sobre as possibilidades do novo coronavírus atrapalhar mais intensamente, ou não, os planos dos organizadores. Além da preocupação com a saúde, enormes fortunas envolvem os Jogos de verão, programados pela segunda vez no Japão.
Na primeira, em 1964, também em Tóquio, serviu para que os anfitriões mostrassem ao mundo o esforço pela paz e pela recuperação do país, que havia sido destroçado na Segunda Grande Guerra, inclusive por bombas atômicas jogadas pela força aérea dos Estados Unidos sobre Hiroshima e Nagasaki.
A tocha olímpica costuma atrair grande número de espectadores durante o revezamento. Quem não se lembra das cidades que festejaram a passagem do fogo da Rio-2016?
Na época, é bom recordar, o Brasil foi alvo de críticas internacionais e de temores relacionados ao evento. Na tela, entre outros temas, estavam dengue, vírus da zika, poluição das águas da baía de Guanabara, gastos com os Jogos e problemas sociais, econômicos e políticos. A situação piorou, lamentavelmente, o desemprego e o sarampo são mostras disso.
No Japão, a tocha servirá como referência para a segurança da população e dos visitantes. Torço para o sucesso desta hipótese, exclusivamente pela saúde dos habitantes deste planeta.
Patrícia Campos Mello, companheira de profissão, de jornal e de cobertura olímpica tem o meu respeito amplo e irrestrito. Não tenho dúvidas, os detratores dela são prepotentes e autoritários, inimigos das verdades.
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