Temporada olímpica como a deste ano é fonte de esperanças e expectativa de sucesso nos esportes em geral. Medalhas estão sempre no horizonte.
A maioria desses casos, no entanto, é fruto de excesso de emoções e fantasias, ou até de especulação por interesses tortos. Há também as listas de favoritos, espelhadas na carreira dos atletas e na evolução de resultados. Não são garantia de acerto, mas servem de referência.
O brasileiro Hugo Calderano, aqui mostrado em outras oportunidades e que continua no grupo da vanguarda do tênis de mesa mundial, é um exemplo de concorrente que reúne condições técnicas, físicas e psicológicas para lutar por medalhas nos principais eventos mun diais da sua modalidade, inclusive na Olimpíada.
O tênis de mesa tem pouca divulgação no Brasil, mas faz sucesso em alguns pontos no exterior, especialmente na Ásia. Calderano, que é o principal astro da seleção nacional, encerrou a última temporada, em dezembro, ocupando a sétima posição no ranking da ITTF (Federação Internacional de Tênis de Mesa).
Não é pouco, levando-se em conta ser o latino-americano mais bem posicionado em todos os tempos. É superado na classificação por quatro chineses, um japonês e um taiwanês. Ele segue treinando em Ochsenhausen, na Alemanha, onde mora. Tem apoio do clube local e continua sendo orientado por Jean-René Mounie, consultor técnico da confederação brasileira da modalidade.
A opção de viver na Europa facilita a participação em confrontos regulares contra os principais mesa-tenistas do mundo. No ano passado, Calderano enfrentou rivais de 32 nacionalidades.
Totalizou 80 jogos na temporada, segundo dados da confederação brasileira da modalidade, saindo vitorioso em 63. O aproveitamento de 78,7% apontou uma evolução diante das campanhas anteriores, quando obteve 70,3% (em 2016), 67,7% (em 2017) e 66,2% (em 2018).
A meta de Calderano é uma boa participação na Olimpíada de Tóquio. Para superar uma leve inflamação em músculo da região lombar, recentemente, buscou fisioterapia e repouso.
O favoritismo no tênis de mesa olímpico, notadamente da China, é prognóstico praticamente certeiro. Novidade mesmo na modalidade será a revisão de lances por vídeo (VAR, como no futebol), adotada para acabar com dúvidas. A polêmica da casquinha, quando a bolinha toca de raspão a borda da mesa, pode estar com seus dias contados.
Além de Calderano, o Brasil conta com quatro outros destaques entre os 100 principais mesa-tenistas do mundo: Gustavo Tsuboi (40), Vitor Ishiy (60), Thiago Monteiro (69) e Eric Jouti (84). No feminino, Bruna Takahashi (49) é a brasileira mais bem posicionada.
Pouco mais de 150 atletas do país estão garantidos na Olimpíada de Tóquio, cuja solenidade de abertura está prevista para 24 de julho. O COB (Comitê Olímpico do Brasil) não descarta a possibilidade da obtenção de vagas por outra centena de competidores.
O recorde brasileiro de representação em Olimpíada no exterior foi registrado em Pequim-2008, com 277 classificados, enquanto em casa, na Rio-2016, atingiu 465. A explicação é simples: o país-sede tem a vantagem de convite para participar dos Jogos sem a necessidade de conquistar a vaga.
A especulação sobre medalhas ganha expressão neste semestre. Dias atrás, a sueca Pia Sundhage declarou que o Brasil quer jogar pelo ouro no torneio feminino de futebol em Tóquio, conquista ainda inédita. Ela é a técnica da seleção brasileira, mas ganhou medalhas com outras equipes anteriormente. Portanto, é do ramo.
Como Calderano, destaque mundial na sua especialidade, a seleção brasileira feminina de futebol também está com vaga garantida e tem duas pratas na história olímpica, em Atenas-2004 e em Pequim-2008. Currículo não garante medalha, mas é argumento forte nos palpites, a favor ou contra.
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