O Brasil vivia os altos e baixos da importação de veículos quando, em outubro de 1996, o Audi A3 foi apresentado no Salão do Automóvel de São Paulo. Em dia com o mercado europeu, o hatch médio de luxo estreava em meio à expectativa pela produção nacional, que teve início em 1999.
Passados 25 anos, o modelo retorna ao Brasil em sua quarta geração, e de volta às origens. É novamente um modelo importado, embora a fabricante mantenha suas instalações no Brasil, dentro do complexo do grupo VW em São José dos Pinhais (PR).
"A fabricação do A3 Sedan foi finalizada em dezembro de 2020, isto já era previsto dentro do cronograma normal de vida do produto. Fizemos todos os estudos necessários do nosso lado para trazer um novo modelo para a nossa linha de produção, mas ainda não há confirmação", diz a montadora, em nota.
A retomada da fabricação nacional está vinculada ao estorno de créditos de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) acumulados durante os anos de Inovar-Auto. Segundo a Audi, os valores não foram integralmente devolvidos.
Enquanto a unidade paranaense segue parada, a marca alemã faz o que pode para trazer carros ao Brasil em meio aos problemas com peças. Esse é um dos desafios para a montagem do A3, que deu um salto tecnológico e, por consequência, necessita mais dos escassos semicondutores.
É também a razão de o carro chegar ao Brasil sem alguns itens já comuns em sua categoria, a exemplo do sistema de frenagem autônoma disponível na Europa.
O desenvolvimento da nova geração teve início em 2016. O carro que chega ao Brasil tem painéis digitais de alta resolução –a tela da central multimídia tem 10,1 polegadas.
Antes arredondadas, as saídas do sistema de ar-condicionado agora trazem grades embutidas no painel. Há ainda costuras decorativas que remetem a carros mais caros, bem como superfícies emborrachadas e forrações que imitam couro.
O volante, no entanto, pouco difere do oferecido no último A3 nacional. Apesar da evolução, a quarta geração mantém a plataforma MQB e suas qualidades, mas também alguns pontos negativos para quem espera muito de um carro da Audi.
O modelo, embora entregue acabamento elogiável, não tem o mesmo isolamento acústico dos modelos mais caros da marca, por exemplo. Mas no que se propõe ser –um carro médio com vocação esportiva–, o A3 é um dos melhores.
A versão avaliada em um primeiro teste trazia carroceria sedã e motor 2.0 turbo a gasolina (190 cv) conciliado à caixa automática de dupla embreagem e sete marchas. O câmbio é acionado por meio de um pequeno seletor no console central, e há borboletas para trocas no volante.
O preço é o mesmo que o cobrado pela opção hatch: R$ 265 mil. Há 20 anos, quando o A3 1.8 turbo nacional chegou aos 180 cv e ganhou um "T" vermelho para diferenciá-lo dos demais, o carro custava cerca de R$ 60 mil e o dólar estava na faixa de R$ 2,60.
A potência e o torque atuais são suficientes para fazer o A3 2.0 chegar aos 100 km/h em pouco menos de oito segundos sem gastar muito combustível. Os dados serão aferidos em breve pelo Instituto Mauá de Tecnologia.
Na avaliação pela rodovia paulista Castelo Branco em um dia de chuva e trânsito pesado, pouco se percebeu do desempenho, mais muito das comodidades a bordo.
O som Bang&Olufsen trata bem os ouvidos e o banco do motorista com ajustes elétricos proporciona ótima posição ao volante. Só não é tão agradável no assento traseiro, com pouco espaço para pernas.
A versão sedã tem porta-malas com 425 litros de capacidade, espaço suficiente para duas malas de porte médio e mais duas ou três mochilas.
Além da opção 2.0, a Audi traz o A3 com motor 1.4 turbo (150 cv) e o novo câmbio automático de oito marchas fornecido pela japonesa Aisin. O preço parte de R$ 230 mil.
Os preços e a falta de carros limitarão as vendas, além de o gosto do consumidor nessa faixa de preço ter migrado para os esportivos utilitários. O novo A3 será raro nas ruas, algo diferente do que ocorreu com as gerações ímpares, ambas produzidas no Brasil.
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