A Volkswagen Saveiro sobreviveu ao fim do hatch compacto Gol. Última herdeira do carro nacional mais vendido da história —de quem preserva a maior parte das características—, a picape chega à linha 2024 com novas versões e mudança de estilo.
A evolução não é suficiente para ameaçar o reinado da Fiat Strada, que atualmente é o automóvel mais vendido do Brasil. Porém, dominar esse nicho de utilitários não está entre as metas da fabricante alemã.
Conservadora e pouco disposta a investir alto em um segmento praticamente restrito ao Brasil, a VW está satisfeita com os números atuais de venda de sua "picapinha". Por isso, não tem pressa e reserva mudanças mais profundas para a segunda metade desta década.
No momento, não há nova plataforma nem adoção de quatro portas, câmbio automático ou motor turbo. Há, contudo, boas novidades.
Os faróis estão mais estreitos e agora trazem um detalhe cromado que remete à linha Polo. Na traseira, uma faixa pintada de preto liga as lanternas. Pode ser uma ponte entre a Saveiro e os SUVs compactos Nivus e T-Cross, mas, de fato, lembra o estilo adotado na concorrente Chevrolet Montana.
O capô também mudou e ficou mais alto. Os vincos buscam transmitir sensação de robustez, ponto valorizado no segmento. O novo ajuste das suspensões aumentou os ângulos de entrada e de saída, o que ajuda em terrenos acidentados, como as estradas de terra ou as valetas de São Paulo.
O pacote visual é complementado por novos para-choques. Por dentro, há poucas diferenças em relação ao modelo anterior, cuja última renovação havia ocorrido em 2017. E, naquela época, o que ocorreu foi também uma atualização: a geração atual da Saveiro foi lançada em 2009.
Todas as versões disponíveis trazem ar-condicionado, direção hidráulica, airbag duplo, câmbio manual de cinco marchas e motor 1.6 16v flex (116 cv). As caçambas podem transportar entre 580 litros (versão cabine simples) e 924 litros (cabine dupla) de volume de carga. Em peso, é possível carregar até 664 quilos, incluindo os ocupantes.
A versão mais equipada da linha 2024 se chama Extreme (R$ 114.580), nome que já havia sido adotado no modelo médio Amarok. No caso da Saveiro, a logomarca é acompanhada do quadro de instrumentos com aplique cor de terra por detrás dos números e friso no painel frontal com textura semelhante a aço escovado.
Há também volante com regulagem de altura e profundidade, rodas de liga leve aro 15, sistema multimídia e o kit composto por retrovisores, travas e vidros com acionamento elétrico.
Essa opção é vendida apenas com cabine dupla. O assento traseiro tem encosto com boa inclinação, mas tanto o acesso quanto o espaço para as pernas são ruins. Por ser um modelo duas portas, sai em desvantagem diante das concorrentes Strada e Montana.
A disputa direta com o modelo da Fiat fica mais equilibrada nas versões de entrada, com cabine simples. Como já mencionado, a Saveiro Robust (R$ 95.770) tem o mesmo motor 1.6 16V da opção Extreme –e não teria como ser diferente. Trata-se da única opção sem turbo disponível pela marca no Brasil atualmente.
A Fiat Strada mais em conta custa R$ 100.990 e é equipada com o menos potente 1.3 Firefly (107 cv). Mas se trata de um modelo atual, embora tenha as limitações de projeto impostas por compartilhar partes com o subcompacto Mobi.
Nesse ponto, a Saveiro tem a vantagem de oferecer uma posição mais cômoda ao volante, que também herdou do Gol. Seu problema é o ajuste de altura do banco do motorista, que basicamente mexe com a inclinação do assento e exige treino para achar a posição correta.
A linha 2024 da picape Volkswagen é complementada por mais duas versões. A Robust cabine dupla, que custa R$ 109.710, e a Trendline cabine simples, vendida por R$ 101.490. É uma linha bem mais enxuta do que a disponível pela Fiat, que oferece até versões com motor turbo e câmbio automático do tipo CVT.
A estratégia da VW, portanto, é apenas se manter viva e rentável no segmento de picapes compactas, enquanto briga pelas primeiras posições no ranking de emplacamentos com os modelos Polo e T-Cross.
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