CIRO GOMES
Um pedaço do andar de cima namora a ideia de colocar Geraldo Alckmin no Planalto. Como? Não sabem. Outro pedaço preferia Luciano Huck. Para quê? Não sabiam. Todos estão de acordo num ponto: Lula não pode disputar.
Essas construções têm lógica, mas criam um vácuo no qual só um candidato amplia sua base eleitoral: Ciro Gomes, pronto para encarnar o contra-tudo-o-que-está-aí.
Os Gomes disputam o mando na cidade cearense de Sobral desde 1890. Seu pai foi prefeito, e dois de seus dois irmãos também. Ciro e Cid governaram o Estado. Ele foi ministro de Itamar Franco e de Lula. O mano, de Dilma.
Fernando Henrique Cardoso traçou um breve perfil de Ciro em seus Diários:
"Ele é uma personalidade complicada; é precipitado, afirmativo, inteligente, tem coragem, mas é um pouco oportunista nas posições e não vai muito fundo nas questões."
Faltou mencionar seu fraco pela autocombustão.
PARIS 2.0
Cozinha-se a possível nomeação do senador e atual chanceler Aloysio Nunes Ferreira para a Embaixada do Brasil em Paris.
Temer faria a mudança ao apagar das luzes de seu governo, retribuindo a lealdade que recebeu do tucano. Uma vez em Paris, quase certamente ele seria mantido pelo novo presidente.
O retorno de Nunes Ferreira a Paris contará uma grande história. Em 1968, ele chegou à França fugindo da polícia. Era o "Mateus", eventual motorista de Carlos Marighella e participara de dois assaltos. Durante um breve período, ele foi o embaixador da Ação Libertadora Nacional na França.
Na sua segunda embaixada, Nunes Ferreira não passará pelas ansiedades de "Mateus".
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