Flávia Boggio

Roteirista. Escreve para programas e séries da Rede Globo.

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No portinglês do governo, só se aprende a falar 'the mamata is on the table'

Erros na tradução de documentos da compra da Covaxin eram apenas licença poética do Planalto

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Integrantes do governo Bolsonaro se defenderam das acusações da senadora Simone Tebet de que os documentos de compra da Covaxin, apresentados na CPI da Covid, teriam sido falsificados.

Na última terça-feira, a senadora apresentou uma série de irregularidades em notas fiscais que geraram dúvidas sobre a veracidade dos documentos. Em uma delas, com traduções que ela apelidou de "portinglês", foram apontados 24 erros.

O governo afirmou que os documentos são legítimos e foram traduzidos por pessoas com inglês fluente. Uma delas teria experiência profissional nos Estados Unidos, fritando hambúrguer em lanchonete que só serve frango.

Outros tradutores tiveram aula de inglês com Carlos Wizard. Mas não aprenderam muito bem o idioma, pois ele preferiu permanecer em silêncio. A única expressão que praticaram foi "the mamata is on the table".

Uma série de itens da nota foram justificados, como a troca da palavra Exporters (exportadores) por "Exporte's": "É que gostamos de fazer bastante 'exporte'. Usamos X mesmo, porque somos 'cariocax' da Barra, com corpo de atleta", disse um representante do governo.

Sobre a palavra "prince" estar no lugar de "price", para especificar o preço da vacina, assessores explicaram: "o responsável pela tradução quis fazer uma homenagem a si mesmo, 'o príncipe do Planalto'".

Três personagens, dois homens e uma mulher, estão entre duas pilhas de caixas cheias de dinheiro onde se lê Caracaxin. Um dos homens rabisca em vermelho em um documento para onde a mulher, acima de dele, aponta. E o outro homem lê um dicionário de inglês. Sobre as personagens há um balão escrito Contrateition.
Publicada nesta quarta-feira, 7 de julho de 2021 - Galvão Bertazzi/Folhapress

Eles também esclareceram o uso da palavra "Airpor" no lugar de "Airport". "É nossa grande especialidade. Em vez de vacina, nosso objetivo é pôr 'air' (ar), em vez de apresentar alguma solução para pandemia."

No documento apresentado, Co. (abreviação de companhia, em inglês) foi substituída por CIA. O Planalto justificou: "Foi uma homenagem à CIA, agência de inteligência americana, que visitou o presidente na semana passada com pauta em segredo".

A marca e o logotipo desalinhados na nota também são uma homenagem ao governo, como representação do total desalinhamento entre seus integrantes e ministérios.

Sobre a alteração de valores de US$ 45 milhões para US$ 46 milhões, o que levaria a um superfaturamento de R$ 5 milhões, o governo respondeu com uma pergunta. "Mas e o PT?"

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