Caros amigos cidadãos de bem, os resultados das últimas pesquisas não são lá muito tranquilizadores. É lógico que esses institutos, como Datafolha, Ipec, XP e BTG, são todos esquerdistas. Eu também não conheço ninguém que vai votar no Lula. E olha que eu já andei pelas ruas, da Bela Cintra à Peixoto Gomide, do Clube Harmonia ao Paulistano.
Primeiro: chega desse papo de que a mamata vai acabar. Ninguém mais cai nessa. É hora de assumir que o que está em jogo são os nossos privilégios. Quando o Bolsonaro perder, vão nos tirar tudo. Imaginem se souberem que o Alberto enterrou dólares no sítio. Ou que comprei a casa de Maresias com dinheiro vivo? Capaz do Boulos pôr uns sem-teto lá.
As empregadas vão começar a pedir hora extra, férias e 13º. Vão até querer entrar na faculdade. Vamos ter que aprender a passar café e botar roupa pra bater. Será um horror.
Lembram quando os aeroportos ficaram parecendo rodoviária? Vai ficar pior. Se os pobres iam para Disney, agora vão querer ir até para as Maldivas tomar café da manhã que boia na piscina. Porque esse povo quer tudo do bom e do melhor. Outro dia mesmo, dei dinheiro para uma mendiga e ela comprou uma Coca-Cola. Se tivesse investido ou virado coach, ela já estaria rica.
Vão querer voltar com as doutrinas daquele zé-ninguém do Paulo Freire. Imaginem nossos filhos defendendo gay, negro, índio. Não que eu seja preconceituosa, sou até parda perto de alguns brancos.
E a gente nem vai poder pegar em armas, porque vão proibir. E eu vou me defender dos comunistas como? Com uma faca? Eu nem sei mexer em faca, quem mexe é a Elvira, minha secretária do lar. Ela é quase da família, mas se a gente tiver que lutar, ela ganha, porque não sei cortar nem meu bife.
Vamos nos unir para virar votos. Voltem a falar com os parentes comunistas. Parem de chamar a sobrinha de humanas de maconhista surubeira.
Ontem mesmo eu convenci meu porteiro a votar 22, depois que ameacei cortar a caixinha de Natal. E os funcionários que falarem que votarão no Lula, demitam sem dó.
Porque, como todos os cidadãos de bem, precisamos defender nossos bens.
ERRATA: Após a divulgação desse texto, eu fui vítima de ataques injustos. A mensagem foi claramente tirada do contexto. Quem me conhece sabe que eu não sou assim. Até doo marmitas para pobres.
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