Hélio Schwartsman

Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Hélio Schwartsman

Alexandre no fim do mundo

Nova biografia de rei macedônio recorre a fontes orientais e à arqueologia

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Você sabe que vive tempos interessantes quando até o passado se torna incerto. Avanços no campo da arqueologia, da antropologia e até da linguística vêm fazendo com que a história, particularmente a de períodos mais antigos, passe por uma pequena revolução. O best seller "O Despertar de Tudo", de David Graeber e David Wengrow, é talvez o melhor exemplo disso, mas nem de longe um caso isolado.

Esse movimento de ampliação das fontes de pesquisa afeta até biografias. Acaba de sair "Alexander at the End of the World", de Rachel Kousser.

A ilustração de Annette Schwartsman, publicada na Folha de São Paulo no dia 11 de agosto de 2024, mostra, diante de uma paisagem do reino da Macedônia no século IV a.C., o rei Alexandre, o Grande armado e montado em um cavalo cinza, e cercado por soldados e funcionários gregos e persas.
A ilustração de Annette Schwartsman para a coluna de Hélio Schwartsman, esta que será publicada também na versão impressa da Folha em 11 de agosto de 2024 - Annette Schwartsman/Annette Schwartsman

A vida de Alexandre, o Grande, fascina terráqueos há 24 séculos. Inúmeras biografias do rei macedônio já foram escritas. O que distingue a de Kousser de outras é que, embora a autora não dispense as fontes gregas e romanas clássicas, como Arriano e Plutarco, recorre também a escritos orientais (em acádio e aramaico), além de achados arqueológicos.

Outro traço distintivo da biografia de Kousser é que a autora se centra nos sete últimos anos da vida de Alexandre, da destruição de Persépolis em 330 a.C. até 323 a.C., um período ao qual biógrafos anteriores não deram tanta atenção.

Uma das teses de Kousser é que o poder transformou Alexandre. Não que ele tenha um dia deixado de ser o general impetuoso, megalomaníaco e que combinava gestos de misericórdia com lances de crueldade. Mas, à medida que foi avançando para o Leste e passando por batalhas, insurreições e motins, percebeu que a única forma de administrar um império tão vasto era recorrer a um exército e a uma burocracia multiculturais, no que se tornou uma das primeiras experiências do mundo com a globalização.

Kousser é cuidadosa. Alerta-nos para não confundir o multiculturalismo atual com o de Alexandre, que era essencialmente instrumental e sem elucubrações filosóficas. Vale notar que os sucessos do general foram efêmeros. O império se desmilinguiu logo depois que ele morreu.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar sete acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.