Ivan Marsiglia

Jornalista e bacharel em ciências sociais, Ivan Marsiglia é autor de “A Poeira dos Outros”.

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Ivan Marsiglia

UFC no Twitter

Moro, Marta e a batalha entre Luciano Hang e Rachel Scheherazade

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A entrada da Folha na análise do material obtido pelo site The Intercept Brasil no caso Vaza Jato não passou despercebida na arena virtual do Twitter. Internautas, políticos, personalidades e artistas confrontaram-se na interpretação das informações obtidas pelos repórteres do jornal no acervo de mensagens trocadas pelos procuradores da Lava Jato nos últimos anos, que o site afirma ter recebido de uma fonte anônima.

De domingo (23), quando a primeira reportagem da parceria saiu, em diante, a pancadaria foi forte na rede social.

Após nota do Ministério da Justiça que criticava a divulgação das conversas e alegava terem sido “obtidas de forma criminosa e que podem ter sido editadas ou adulteradas total ou parcialmente”, o ministro foi ao Twitter e gastou seu latim para desdenhar das revelações. @SF_Moro “Um pouco de cultura. Do latim, direto de Horácio, parturiunt montes, nascetur ridiculus mus.” Tradução: a montanha pariu um rato.

Ganhou 46 mil curtidas e 6.000 compartilhamentos, mas também críticas no mesmo vernáculo, como a da antropóloga da UnB e pesquisadora da Brown University @Debora_D_Diniz Em resposta a @SF_Moro “Queria ser @ggreenwald, ministro Moro, para responder por ele: ‘Lupus non timet canem latrantem’.” Quer dizer: um lobo não teme um cachorro latindo.

Na mesma toada tuitou o ex-prefeito de São Paulo e candidato derrotado do PT nas últimas eleições presidenciais, @Haddad_Fernando “Moro pariu um golpe.”

O trecho em que o então juiz Moro sugere ao procurador Deltan Dellagnol evitar melindrar o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) por seu “apoio importante” à Lava Jato —“a mais grave revelação até agora”, na opinião de Glenn Greenwald, fundador do Intercept— deu novo significado a uma discussão travada na véspera por FHC no Twitter.

O ex-presidente elogiara no sábado (22) o desempenho de Moro no depoimento ao Senado: @FHC “Vi pela TV o debate entre Moro e deputados. O ministro se saiu bem. Havia mais vontade de destruir e abalar a Lava-Jato que de compreender. De todo modo, com ele ganha a Democracia. É sempre bom ver autoridades tendo que explicar suas ações.”

No que foi provocado por um post da Agência Sportlight, do jornalista Lúcio de Castro: @agsportlight “Como sempre é bom ‘ver autoridades tendo que dar explicações’, seria interessante explicar os negócios relatados na reportagem abaixo. E a offshore de petróleo do filho no Panamá. Desde que não cause melindres.”

A referida reportagem, de abril de 2016 e republicada pelo site esta semana, acusava o filho de FHC, Paulo Henrique Cardoso, de manter uma empresa offshore em um paraíso fiscal e de fazer negócios com a Odebrecht.  

A resposta lacônica do ex-presidente, @FHC “Fake news”, recebeu tréplica: @agsportlight Em resposta a @FHC “Sr Presidente @FHC: Deveria ao menos se dar ao trabalho de ler a reportagem novamente. Na ocasião da publicação, o sr e seu filho, através de assessoria, atestaram a existência da empresa, afirmando que ‘São negócios privados, todos devidamente declarados à Receita Federal’.”

 

E enquanto o ideólogo do bolsonarismo mirou o mensageiro...

@oproprioolavo “A mídia nacional praticamente inteira é uma organização criminosa a serviço do Foro de São Paulo. Não tem NADA a ver com jornalismo. Se o governo continuar se recusando a enxergar isso, ela vai destruí-lo com os pretextos mais ‘moderados’ do mundo.”

...outro humorista —este, voluntário— resumiu em 170 caracteres o passional UFC Brasil a que assistimos.

@rafinhabastos “Minha namorada descobriu uma série de mensagens eróticas e nudes que troquei com outras mulheres. Felizmente consegui provar que o vazamento foi ilegal. Contiuamos juntos.” Ganhou 61 mil curtidas e 9 mil compartilhamentos.

Direto de direita  

De todos os duelos de tuítes, porém, o mais comentado foi entre dois ex-simpatizantes da candidatura Jair Bolsonaro que agora divergem sobre a qualidade do governo. Após notícia de que o dono da Havan, Luciano Hang, um dos patrocinadores do SBT, pedira a sua demissão, a âncora do telejornal SBT Brasil protestou: @RachelSherazade “Já está registrado! Empresário chantageia a emissora onde trabalho e ainda vem à público pedir cabeça de jornalista. Já vi esse filme antes. Mas, agora, vai ter processo, @luciano_hang. Espere a notificação dos meus advogados.”

Hang tentou se explicar Em resposta a @RachelSherazade “Rachel, não pedi a sua cabeça, estou apenas sugerindo o que é bem diferente. Cada um faz o que quiser na sua empresa, mas caso aconteça alguma coisa, você pode trabalhar na TV Estatal Cubana Cubavisión, lugar ótimo para quem pensa como você. Abraço do véio da Havan.”

Nos dias que se seguiram, Sheherazade ganhou o apoio de colegas como Fabio Pannunzio, Mariliz Pereira Jorge, Marco Antônio Villa e Sérgio Utsch.

A vitória é delas 

Embora tenha dominado os embates nos últimos dias, a política levou de goleada das meninas da seleção brasileira de futebol nos Trending Topics. Das hashtags que refletiam as polêmicas de Brasília —de #TontosDoMBL, que atingiu 66,2 mil tuítes no domingo (23), a #ReajaBolsonaro, com 52,8 mil na segunda (24)—, nenhuma é comparável à #BRAXFRA, que às 22h51 da noite em que o time brasileiro foi eliminado da Copa do Mundo batia em 422 mil tuítes. Sem falar nas 71,9 mil menções —quase todas críticas— ao nome do técnico Vadão.

Com destaque para o discurso da craque Marta, que saiu da competição consagrada como a maior artilheira da história de todas as Copas. Entre milhares de tuítes, o da apresentadora do programa de rádio espanhol Spin Off foi contundente: @Coralgo “Imagine Neymar fazendo este discurso no final de um jogo em que eles caem eliminados da Copa do Mundo. OBRIGADO, Marta, por dignificar tanto este esporte.”

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