Ivan Marsiglia

Jornalista e bacharel em ciências sociais, Ivan Marsiglia é autor de “A Poeira dos Outros”.

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Discurso de ódio foi base do Holocausto, lembra artista brasileira no Twitter

Marina Amaral coloriu digitalmente imagens do nazismo

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Segunda-feira, 27 de janeiro. A artista brasileira que se tornou internacionalmente conhecida por seu trabalho de colorização digital de fotos históricas —em especial de vítimas dos campos de concentração nazistas— escreve em seu perfil com 196,1 mil seguidores no Twitter:

Czeslawa Kwoka, morta aos 14 anos em Auschwitz; foto originalmente em preto e branco foi colorizada pela brasileira Marina Amaral - Memorial de Auschwitz/Divulgação

​@marinamaral2 “Hoje é o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto. Posso falar o que for sobre o que essa data representa, mas acho que no fim tudo se resume a percebermos que foi o discurso de ódio a base de tudo o que aconteceu depois. Que a gente nunca se esqueça disso.”

Exatos dez dias após ter que demitir seu Secretário Especial de Cultura, Roberto Alvim, pelo vídeo dublando palavras do ministro da propaganda nazista Joseph Goebbels, o presidente brasileiro não se esqueceu de tuitar:

@jairbolsonaro “Dia Internacional de Memória do Holocausto (75 anos da libertação de Auschwitz). Brasil constrói amizade sem precedentes com Israel e com o povo judeu. Trabalhamos para combater o anti-semitismo que, muitas vezes, se esconde por trás do anti-sionismo.”

E a revista @NewYorker compartilhou na plataforma o artigo do escritor e professor canadense Bernard Avishai: “‘Nunca vi uma época em que governos europeus sejam tão complacentes em relação ao governo [do premiê israelense] Netanyahu – tão dispostos a acomodar seus usos do Holocausto’, disse o professor da Universidade Hebraica de Jerusalém.”

A comoção Kobe 

O acidente de helicóptero no domingo (26) que matou a estrela do basquete americano Kobe Bryant e sua filha Gianna, de 13 anos, emocionou usuários do Twitter. A colunista e jornalista esportiva @damarinaandrade resumiu: “Para os menos familiarizados com o basquete, cabe frisar que Kobe Bryant, que havia acabado de ser ultrapassado em números de pontos por LeBron James, estava à frente de ninguém menos que Michael Jordan no ranking de cestinhas. É sobre gigantes, lendas. A perda é deste tamanho.”

O ex-presidente dos EUA @BarackObama foi um dos que expressou sua dor: “Kobe era uma lenda na quadra e estava apenas começando o que teria sido um significativo segundo ato. A perda de Gianna é ainda mais dolorosa para nós, como pais. Michelle e eu enviamos amor e orações a Vanessa e a toda a família Bryant neste dia impensável.”

Crime e castigo 

A subida de Eliza Samudio ao topo dos Trending Topics na manhã de segunda (27) fez com que muitos usuários da plataforma pensassem que o corpo da ex-namorada assassinada pelo goleiro Bruno enfim tivesse sido encontrado.

As menções, porém, referiam-se à entrevista de Bruno exibida no domingo (26) no programa Domingo Espetacular, da Record. Nela, Bruno afirmou que “um dos maiores desafios da minha vida —e eu peço a Deus sabedoria— é de, um dia, ter a oportunidade de explicar toda a situação para o Bruninho”. E também falou sobre as dificuldades para voltar a trabalhar agora que está em regime semiaberto.

@recordtvoficial “O ex-goleiro Bruno, condenado pela morte de Eliza Samudio, fala com exclusividade ao #DomingoEspetacular”

As respostas na rede foram antagônicas. Desde a de @brasil_nini “Porque a imprensa faz da vida dele um inferno. Porque Eliza Samudio virou santa (uma mulherzinha daquele tipo, queria vida fácil e dinheiro fácil, colheu o que plantou), tipo Marielle, acabou com a vida do cara e as pessoas não dão a ele uma chance para recomeçar.”

Até a de @NinaaStorrer “Ele não cumpriu sua pena. Nunca disse onde está o corpo da Eliza Samudio para que a moça pudesse ser enterrada. Sua pena continua.”

Aos amigos, tudo

Em meio ao caos na correção das notas do autointitulado “melhor Enem de todos os tempos”, o ministro da Educação encontrou tempo de responder pessoalmente a um apoiador #chatiado com a avaliação da filha. @AbrahamWeint “Já está sendo analisada. Abraço”

A deputada federal pelo PDT-SP protestou: @tabataamaralsp “Enquanto o MEC insiste que não responderá alunos individualmente, apoiador do governo recebe detalhes sobre a prova da sua filha através do Twitter do Ministro. Isso é um afronta aos princípios de igualdade e isonomia, pilares de qualquer democracia digna! Governo é para TODOS.”

Para o professor de Relações Internacionais da UFMG, não apenas “princípios” foram quebrados: @dbelemlopes “São crimes de responsabilidade: servir-se das autoridades sob sua subordinação imediata para praticar abuso de poder, ou tolerar que essas autoridades o pratiquem sem repressão sua – expedir ordens ou fazer requisição de forma contrária às disposições expressas da Constituição.”

‘Crime de jornalismo’ 

A denúncia do procurador Wellington Divino de Oliveira contra Glenn Greenwald repercutiu não só no Twitter brasileiro, mas no mundial. O pré-candidato democrata Bernie Sanders foi um dos que defendeu o jornalista em seu perfil – atribuindo a ação ao próprio presidente @jairbolsonaro.

@SenSanders “A imprensa livre nunca é tão importante do que quando expõe as más práticas dos poderosos. É por isso que o presidente Bolsonaro está ameaçando Glenn Greenwald pelo ‘crime’ de fazer jornalismo. Exorto o Brasil a encerrar seu ataque autoritário à liberdade de imprensa e ao Estado de Direito.”

Democracia em baixa 

A revista liberal britânica The Economist divulgou na plataforma a enquete que incluiu o Brasil na lista de democracias em declínio no mundo. O jornalista @caioblinder, comentarista do Manhattan Connection, aprovou: “Bem feitinho o mapa da Economist sobre declínio global da democracia, bem feito para o Brasil.”

Demitido do governo por Bolsonaro no dia 13 de junho depois de se indispor com seu filho Carlos e com o ideólogo Olavo de Carvalho, o @GenSantosCruz ressurgiu no Twitter para comentar: “Nazismo, comunismo, fascismo foram regimes totalitários e suas ideias e práticas inaceitáveis. Repudiamos estímulos a extremismos e fanatismos, que só interessam aos populistas. O caminho é o aperfeiçoamento da democracia, com justiça, desenvolvimento, e redução da desigualdade.”

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