José Manuel Diogo

Diretor da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Brasileira, é fundador da Associação Portugal Brasil 200 anos.

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Descrição de chapéu Mercosul

Cúpula da Amazônia pode abrir caminho para acordo UE-Mercosul

Brasil enfrenta desafio de se tornar um modelo de proteção ambiental; resta saber se tem coragem para isso

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O que vai acontecer na Amazônia está no epicentro do futuro e por isso o mundo observa a cúpula de Belém com um olhar de esperança e preocupação. O Brasil vai ou não proteger o maior bioma do planeta?

Cuidar da maior floresta do mundo é uma questão multifacetada: política, econômica e, acima de tudo, ética, mas repleta de complexidades inegáveis.

O acordo UE-Mercosul, negociado em 2019, permanece não ratificado pelos países europeus. O desvario ambiental do governo anterior colocou o Brasil no centro de um dilema global, mas ainda há um caminho promissor. Este acordo pode mudar os equilíbrios geoestratégicos, mas as políticas recentes de desmatamento mancharam a imagem do país.

Luiz Inácio Lula da Silva (centro), ao lado do presidente da Colômbia, Gustavo Petro (esq.), e o presidente da Bolívia, Luis Arce, na abertura da Cúpula da Amazônia, em Belém
Luiz Inácio Lula da Silva (centro), ao lado do presidente da Colômbia, Gustavo Petro (esq.), e o presidente da Bolívia, Luis Arce, na abertura da Cúpula da Amazônia, em Belém - Roberto Castro - 8.ago.23/Ministério do Turismo

O Brasil, apesar de abrigar 59% da área da floresta, é responsável por 75% da área desmatada e, também por isso, o momento é de demonstrar uma verdadeira vontade de mudar, embora a tarefa seja desafiadora.

A Amazônia não é apenas uma floresta; é um símbolo da vida na Terra. A Europa quer garantir sua proteção, um objetivo nobre, mas as negociações com o Mercosul são complexas.

O governo anterior falhou na proteção da mata, e o desmatamento e as queimadas aumentaram, intensificando a indignação internacional e esculhambando a imagem do Brasil aos olhos do mundo. Na Europa, nenhum político esqueceu ainda os comentários de Jair Bolsonaro à esposa do presidente da França, Emmanuel Macron.

A Europa exige garantias —um pedido justo—, mas a questão é saber se a política brasileira está mais comprometida com o meio ambiente e com o futuro da humanidade ou com o comércio e as costuras do centrão.

A França e a Alemanha são claras: o acordo deve ser sustentável, mas os interesses em jogo são grandes, e o quebra-cabeças, complexo. Oito países estão diretamente envolvidos, todos com realidades políticas internas difíceis de manejar.

Ambientalistas e ONGs lutam pela proteção da floresta, enquanto grandes empresas, do agronegócio, mineradoras e petroleiras, mesmo que não o demonstrem nas suas narrativas oficiais, visam prioritariamente o rendimento dos seus acionistas e os prêmios dos seus gestores. O Brasil enfrenta o desafio de se tornar um modelo de proteção ambiental.

O acordo UE-Mercosul é uma oportunidade e uma responsabilidade, um equilíbrio delicado onde a comunidade internacional observa e julga. A Cúpula da Amazônia pode ser um momento de esperança, um encontro que pode abrir caminho para o acordo.

A Amazônia arde e o acordo pende na balança. O Brasil tem a chave, e a questão é se tem a coragem de usá-la, estando consciente de que uma aparente derrota pode ser a sua maior vitória.

O futuro da Amazônia, o compromisso do Brasil com o mundo e a visão do Brasil Lula 3.0 como nação estão em jogo. Como em todas as encruzilhadas da existência humana, tudo se resume à linha breve de Hamlet: ser ou não ser, eis a questão.

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