Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Juca Kfouri
Descrição de chapéu Copa do Mundo

Falta um jogador como Dunga na seleção

Sobra Neymar, que não lidera ninguém e colabora para desequilibrar emocionalmente o time

Saudade do Dunga jogador, bem entendido. Não do treinador de galo de briga. Saudade de Didi. De Zito. Saudade de Gérson, de Romário, de Ronaldo, de jogadores que ou lideravam a ponto de acalmar seus times e comandavam para buscar as vitórias ou se apresentavam para decidir.

Saudade de Dunga sim, que assim fazia quando preciso. Miranda poderia fazê-lo, mas é tímido.

Marcelo não faz, e Thiago Silva já mostrou que não é a dele.

Se Casemiro e Paulinho falassem, seria diferente, mas jogam calados, como Philippe Coutinho e Gabriel Jesus.

Sobra Neymar, que, no chão, não lidera ninguém e ainda colabora para desequilibrar emocionalmente o time.

Porque Willian também não tem o perfil, embora Douglas Costa tenha feito, exemplarmente, o papel do "dá a bola em mim que eu resolvo".

Porque com um jogador com o dom de liderar talvez a seleção brasileira não tivesse sofrido tanto para vencer a Costa Rica nos acréscimos.

Venceu com toda a justiça depois de um segundo tempo avassalador, mas ansioso, sem sintonia fina, no sufoco, na pressão, quase no desespero.

Os gols depois do 45º minuto foram o castigo que a cera costa-riquenha mereceu, e estava na cara que acontecido o primeiro outros viriam em sequência.

Fosse no começo da etapa final e teria havido uma goleada em São Petersburgo, no belo estádio mais caro do mundo, mais superfaturado que o Mané Garrincha.

Tite é corajoso. Bancou Thiago Silva como capitão num momento em que um líder de verdade era necessário e não alguém, digamos, ainda convalescendo de crise emocional.

Teve de contar com Fagner e, admitamos, o lateral foi bem e melhor que o titular Danilo. E sacou Willian, irreconhecível, para botar quem mudou a cara do jogo, camisa 7 às costas, Douglas Costa, o algoz da Costa Rica.

Seu Boneco, o personagem consagrado pela "Escolinha do Professor Raimundo", "discostas", não faria melhor.

Depois da coragem, agora será hora da terapia. Não será possível ganhar uma Copa tendo chilique, nervos à flor da pele, arremessando a bola no chão na cara do árbitro, reclamando feito velho rabugento ou nenê chorão.

A Copa revela equilíbrio e sem nenhum bicho-papão.

Futebol a seleção tem para ir longe, mas não pode se perder em erros bobos. Como o que tirou Thiago Silva da semifinal da Copa de 2014.

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