Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Juca Kfouri

Um líder aguerrido

São Paulo arrancou o chamado empate com gosto de vitória no Morumbi

Técnico Diego Aguirre
O técnico Diego Aguirre comemora o gol de empate do São Paulo diante do Fluminense meste domingo (2), ao lado de Trellez e Bruno Peres (à esq) - Paulo Whitake/REUTERS

Quem tem um técnico chamado Diego Aguirre só pode ser aguerrido. Jamais o adjetivo caiu tão bem. O São Paulo, ao contrário dos últimos anos, já vinha mostrando tal característica durante toda a campanha neste Brasileiro.

Mas se superou no Morumbi empurrado por 50 mil vozes.

Jogava mal, havia tomado um susto com o pelotaço desferido por Jadson no travessão e perdeu, por pura irresponsabilidade, seu terceiro jogador mais importante, Diego Souza, ainda quando restavam dez minutos do primeiro tempo.

Diego Souza não merece ser xará do treinador uruguaio.

Se não bastasse, já no tempo final, uma infelicidade de Anderson Martins decretou o que parecia ser a primeira derrota são-paulina em casa —e a chance de o Internacional assumir a liderança.

Parecia.

Porque ao demonstrar um aguerrimento incomum, impulsionado por Reinaldo, capaz de se desdobrar como se jogasse por ele, pelo amigo da onça expulso, por Éverton, Nenê e Jucilei, ausentes por lesão ou suspensão, o time tricolor paulista fez 10 parecerem 13.

São Paulo guerreiro do Campeonato Brasileiro. Não permitiu que as vantagens do Fluminense, numérica e no placar, baixassem o espírito de luta.

Então, o Sobrenatural de Almeida apareceu sob o nome de Régis, vindo do banco.

Com um drible da vaca dado de calcanhar, ele avançou do meio de campo. O lateral carioca Ayrton tomou-lhe a frente e pareceu ter a bola dominada.

Pareceu.

O Sobrenatural Régis ganhou a disputa no corpo e correu atrás da bola como se fosse um prato de comida, porque a danada parecia querer sair pela linha de fundo.

Parecia.

Régis de Almeida jogou-se no gramado e cruzou para receber o devido prêmio: a cabeça de Tréllez, o centroavante que também viera do banco para fazer o papel renunciado por Diego Souza, numa atitude corajosa de Aguirre.

Sim, o colombiano Santiago, ou seria SãoTiago?, Tréllez empatou o clássico, num gol que valeu por dois, porque manteve a liderança e a invencibilidade como mandante.

Se no começo do embate o travessão salvou o 1 a 0 contra, no fim a trave salvou, dos pés de Matheus Alessandro, o 2 a 1 injusto.

Sorte de campeão? Talvez. Muuuito talvez, pois é cedo ainda. A única certeza está em que o São Paulo lutará até o fim para ganhar o heptacampeonato.

Aliás, há outra: a de o são-paulino ter vivido uma jornada inesquecível, marcante, daquelas cantadas em prosa e verso, principalmente se, de fato, o hepta vier.

Errei

Cabe aqui um pedido de desculpas à imensa torcida corintiana. Mesmo desmanchado não há por que, pelo menos por enquanto, o Corinthians temer o Palmeiras, quem sabe seu adversário na final da Copa do Brasil. Porque os óbvios limites e carências do Alvinegro podem ser superados com inteligência contra o rico, mas tresloucado, Alviverde.

Como o obstáculo imediato é o também rico, mas desfibrado Flamengo, num mata-mata, tudo se torna possível.

Se arrependimento matasse o colunista teria morrido, não imediatamente com a eliminação da Libertadores pelo frágil Colo-Colo, mas no dia seguinte, quando o Cerro Porteño quase eliminou o arquirrival.

Daria sim para enfrentá-lo nas quartas de final.

Com o futebol de baixa qualidade jogado na América do Sul, raras exceções à parte, não há motivo para ter receio de quem quer que seja.

Basta organizar o pouco que tem, usar a cabeça e perseverar. Pode dar certo.

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