Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Juca Kfouri

Fábio Carille, o Corinthians e 'As regras da sensatez', de Rui Veloso

O treinador volta ao time onde foi tão feliz em busca de repetir o feito

Fábio Carille foi campeão paulista e brasileiro pelo Corinthians
Fábio Carille foi campeão paulista e brasileiro pelo Corinthians - Flavio Hopp/Raw Image/Folhapress

Se Fábio Carille conhecesse “As Regras da Sensatez”, do músico português Rui Veloso, evitaria voltar rapidamente ao Corinthians.

Como Felipão não teria voltado à seleção brasileira do 7 a 1 para só ficar na memória do pentacampeonato mundial.

Claro que nem sempre é assim, como aconteceu com Tite, feliz no Corinthians em 2012 e, novamente, em 2015.

Mas foi a exceção a confirmar a regra, embora haja outras para Carille se fiar, como a do próprio Felipão no Palmeiras, embora Cuca tenha vivido experiência oposta, campeão brasileiro em 2016 e malsucedido na volta.

O novo treinador corintiano, tão novo que nem dá para chamá-lo de antigo, tirou água de pedra quando dirigiu o Alvinegro —e está diante do desafio de remontá-lo outra vez, em condições ainda piores das encontradas em 2017.

Felipão, ao menos, deu um tempo maior tanto ao regressar à CBF quanto ao Alviverde.

Já Cuca saiu em dezembro de 2016 e em maio de 2017 estava de volta ao clube, como Carille, que deu adeus em 22 de maio último e retorna menos de sete meses depois.

Traz da Arábia Saudita toda a comissão técnica que levou, com exceção do treinador de goleiros Mauri Lima, de quem Andrés Desmanches Sanchez não gosta.

Curvar-se à competência de Carille foi o máximo que admitiu.

Rui Veloso cantou assim:

“Nunca voltes ao lugar
Onde já foste feliz
Por muito que o coração diga
Não faças o que ele diz
Nunca mais voltes à casa
Onde ardeste de paixão
Só encontrarás erva rasa
Por entre as lajes do chão
Nada do que por lá vires
Será como no passado
Não queiras reacender
Um lume já apagado
São as regras da sensatez
Vais sair a dizer que desta é de vez
Por grande a tentação
Que te crie a saudade
Não mates a recordação
Que lembra a felicidade
Nunca voltes ao lugar
Onde o arco-íris se pôs
Só encontrarás a cinza
Que dá na garganta nós
São as regras da sensatez
Vais sair a dizer que desta é de vez.”

Do João

Caro Juca,

Muito obrigado pela referência generosa ao Waltinho e a mim na coluna que você publicou e que só agora li. 

Escrevo para esclarecer que não estamos analisando a compra do Botafogo. 

E isso por várias razões. 

Para falar de apenas uma delas: embora seja procedimento corrente em várias partes do mundo, nem eu, nem Waltinho, nos vemos na figura de alguém que compra um time e se torna dono dele. 

Só digitar a frase já parece absurdo, para não dizer constrangedor. 

Time é coisa coletiva, não mercadoria de um torcedor só, ou de dois. 

Por outro lado, está claro que o atual modelo de controle e gestão dos clubes brasileiros fracassou, e que é preciso estudar novas formas de estruturá-los. 

É com isso, e apenas com isso, que Waltinho e eu estamos comprometidos. 

Ao cabo do trabalho que estamos financiando (com total anuência do clube), o Botafogo conhecerá maneiras alternativas de organizar a sua existência legal, seja se tornando uma empresa, seja virando uma fundação sem fins lucrativos, quem sabe amparado por um fundo patrimonial. Caberá então ao Botafogo escolher o seu caminho. Independentemente do desfecho, Waltinho e eu não seremos proprietários de coisa alguma. Não temos vocação para Abramovich.

Forte abraço, e bom fim de ano.

Nota da coluna: o João é João Moreira Salles, e faz alusão ao publicado na segunda (10).

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